Do outro lado do espelho: Américo Loureiro, Diretor-Geral da solverde.pt

Américo Loureiro, o responsável do grupo Solverde para o jogo online, começou a praticar surf aos 12 anos, em Espinho, na praia da Baía. Primeiro, a “apanhar ondas”, com as irmãs mais velhas e os amigos, até que recebeu a primeira prancha. «O mar sempre assumiu uma grande importância para mim. Nos anos 80, esta modalidade não era muito praticada em Portugal, mas como eu gostava bastante pedi uma prancha aos meus pais. Obtive boas notas no oitavo ano e eles ofereceram-me uma como prémio. Era da marca Golfinho, tinha bastante qualidade e um design próprio», lembra o gestor em entrevista à Executive Digest. 

Na época, não havia escolas de surf e os praticantes acabavam por aprender uns com os outros. «Diziam-me que tinha muito jeito e isso motivou-me ainda mais. Estar no mar é um momento de paz e tranquilidade. Ali não penso em trabalho, é um reset total», afirma Américo Loureiro. Atualmente, o Diretor-geral da Solverde.pt pratica aos fins-de-semana, durante o Inverno, e diariamente no Verão. Sempre na praia da Baía, por volta das seis da manhã ou ao final da tarde, já depois do horário de trabalho. «Normalmente, vou sozinho porque os meus amigos estão lá. Já pertenço ao grupo dos mais velhos, há sempre boa disposição e todos perseguimos os mesmos objetivos: apanhar as melhores ondas e manter-nos de pé o mais tempo possível», acrescenta.
A capacidade física é um dos fatores mais importantes para o bom desempenho dos praticantes. Para estar cerca de duas horas no mar, constantemente a «remar», Américo faz ginásio e corrida. «Não há idade para fazer surf. Convém estar em forma e ter a pranchas adequada ao nível de aprendizagem de cada pessoa. Comecem por uma escola e não deixem de experimentar”, sublinha.

Entre os atletas preferidos encontram-se Kelly Slater (surfista norte-americano, vencedor de 11 títulos mundiais) e Garret McNamara (surfista havaiano de ondas gigantes, e ex-recordista mundial na Nazaré). «Quando era jovem ainda entrei em alguns campeonatos e costumava ficar no grupo dos primeiros. Hoje em dia, vejo algumas provas na televisão».
Um dos momentos que mais o marcou enquanto praticante aconteceu quando tinha 15 anos. Tinha vindo de um campeonato em São Pedro do Estoril e soube que as ondas em Espinho ultrapassavam os cinco metros. «Assim que cheguei resolvi ir para a praia. Senti-me muito pequenino, mas os 10 ou 15 segundos em que estive a descer a onda terão sido a melhor experiência que alguma vez tive na vida. Nunca esquecerei os momentos únicos e intensos», afirma. 

SURF E GESTÃO
O surf é um desporto de aventura. Exige equilíbrio, força e atenção diante da imprevisível movimentação do mar. O desafio é manter-se o maior tempo possível de pé na prancha, enquanto desliza e pratica manobras sobre as ondas. Mais do que isso: é saber entender os limites e ir ao encontro do desconhecido com vontade de viver aquela experiência. Um CEO e um surfista têm objetivos e, diante do desconhecido, usam a criatividade e testam novas abordagens em manobras para manter a estabilidade e não cair. «Comparando o mar a um novo mercado, temos de o observar em primeiro lugar. Perceber onde estão as ondas, se existem muitos surfistas naquele «spot» e até lá chegar temos a rebentação. Precisamos de muita resiliência porque não é invulgar estarmos 10 ou 15 minutos a «remar» e, por vezes, as correntes são fortes. Ou seja, temos de saber como agir para não sermos levados para longe», explica. 

Chegando ao sítio desejado, é fundamental estar atento às ondas até porque nem todas são iguais. «Tenho de perceber o que procuro e saber posicionar-me. A minha concorrência (os outros surfistas) vão querer apanhar a mesma onda». Encontrando essa onda, Américo Loureiro realça a necessidade de «manter o equilíbrio durante o maior tempo possível nesta incerteza». Depois, terminada a onda, é necessário regressar e encontrar novamente o «spot» perfeito.
«Eu tenho o objetivo de fazer pelo menos três ondas satisfatórias. É exatamente como uma empresa: definir objetivos, olhar para os mercados, remar no meio da concorrência e saber o momento certo para investir. Claro que não há nenhum gestor que decida com a informação completa, mas sim com o máximo de informação que tem naquele momento. É como o surf, não sabemos como a onda vai evoluir». Sendo um desporto individual, o espírito de equipa mantém-se sempre presente. «Há um bom ambiente entre os praticantes, observamo-nos uns aos outros, damos «feedback» e não estamos sozinhos no mar. Há uma grande entreajuda. Mesmo em campeonatos, os surfistas costumam sair felizes do mar. O surf promove bons sentimentos, como a ligação à Natureza», diz Américo Loureiro.

Com o aumento de novos praticantes, o gestor sublinha a importância da ética, o respeito pelos mais velhos e evita apanhar a mesma onda do que outro praticante. E o que pensa dos surfistas que arriscam a vida nas ondas brutais da Nazaré? «Eu acredito que eles procuram a perfeição inatingível, não o quebrar de um recorde. Querem desafiar-se a si próprios. Diariamente, os surfistas procuram ter um dia melhor do que o outro, tal como os CEO. Ninguém se levanta a pensar que é hoje que vai remunerar os acionistas ou superar os objetivos definidos no ano anterior», conta o gestor.
Entre os planos para 2023, Américo Loureiro gostava de conseguir surfar em outros países. Já o fez em Portugal e no Brasil, mas no futuro gostaria de experimentar as praias do Havai, Bali ou Austrália. «São objectivos a cumprir, mas uma coisa é certa: só entro se for para me divertir e encontrar a satisfação que procuro», conclui o Diretor-Geral da Solverde.pt. 

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