
Diocese do Porto volta a trocar prédios de milhões por T1… de tostões: negócios suspeitos podem ser investigados pelo Ministério Público
A Diocese do Porto está a trocar milhões por tostões em negócios suspeitos que poderão ser investigados pelo Ministério Público, uma vez que se trata de uma instituição de utilidade pública, revelou esta quarta-feira o ‘Correio da Manhã’. Em causa estão permutas, que lesam a própria instituição, de património imobiliário.
De acordo com a publicação, depois das 15 casas avaliadas em pelo menos 4 milhões de euros que foram trocadas por um T0 de 230 mil euros, há mais negócios que levantam suspeitas: três prédios de quatro andares em Miragaia (de pelo menos 1,5 milhões de euros cada), uma zona privilegiada na Invicta e classificada como Património da Humanidade pela UNESCO, por três T1 de 200 mil euros cada, sendo que os compradores são os mesmos: uma empresa da Póvoa de Varzim, sem espaço físico e criada para negociar as casas da Diocese do Porto.
O prédio usado nas permutas está abandonado e já pertenceu à Igreja: foi vendido em 2021 à empresa Mário Moreira e José Salgado e seria revendido de volta para a Igreja, através de permutas por bairros ou prédios do Porto. “Era tudo do Seminário de Vilar. Eles obrigaram uma idosa a sair daqui e depois venderam a uma empresa, mas nada foi feito na casa, além de terem colocado os andaimes. Nem sabíamos que agora vai tudo voltar para a Igreja”, explicou um morador.
“Soubemos também por carta que este património tinha sido permutado por vários T1. Eu tentei várias vezes comprar a casa à Igreja, mas sempre me disseram que não podiam vender por lhes ter sido doado. De um dia para o outro recebemos uma carta e um dos sócios já veio aqui dizer-me que ia ter de sair daqui. Isto é uma vergonha e é preciso perceber o que está acontecer. Ninguém acredita nestas vendas”, apontou outro morador.
Mário Moreira, principal sócio da empresa Mário Moreira e José Salgado, é um ex-agente da PSP: foi julgado, em conjunto com outros elementos da força policial, por ter agredido e cegado um adepto do Boavista num jogo com o Vit. Guimarães. Contactado pelo jornal diário, recusou a explicar os negócios. “Ninguém tem nada a ver com isto. Isto são negócios meus e os moradores não têm qualquer direito porque são permutas”, limitou-se a dizer.