
Dinamarca alerta que Rússia pode iniciar grande guerra na Europa dentro de cinco anos
A agência de inteligência militar da Dinamarca (DDIS, na sigla em inglês) advertiu que a Rússia poderá estar preparada para lançar uma “guerra de grande escala” na Europa dentro de cinco anos, caso perceba a NATO como militarmente enfraquecida ou politicamente dividida. A avaliação foi divulgada esta terça-feira num relatório atualizado sobre as ameaças à segurança na Europa.
“A Rússia estará mais disposta a recorrer à força militar num conflito regional contra um ou mais países europeus membros da NATO se considerar que a Aliança Atlântica está militarmente debilitada ou politicamente fraturada”, destaca o documento.
O relatório sublinha ainda que Moscovo tem vindo a reforçar as suas capacidades militares, preparando-se para um possível confronto com a NATO, especialmente se o Kremlin avaliar que os Estados Unidos não podem ou não querem apoiar os países europeus numa guerra contra a Rússia.
Três cenários possíveis para a escalada militar russa
A Direção de Inteligência da Defesa dinamarquesa delineia três possíveis cenários caso a guerra na Ucrânia termine ou fique congelada. A análise parte do princípio de que Moscovo não tem atualmente capacidade para travar conflitos em múltiplas frentes ao mesmo tempo, mas poderá desenvolvê-la progressivamente nos próximos anos.
- Nos primeiros seis meses após o fim da guerra na Ucrânia, a Rússia poderia iniciar um conflito local com um país vizinho.
- Num prazo de dois anos, estaria em condições de travar uma guerra regional na região do Mar Báltico.
- Dentro de cinco anos, poderia lançar um ataque em grande escala contra a Europa, desde que os Estados Unidos não interviessem diretamente no conflito.
A agência dinamarquesa frisa que esta avaliação não considera um eventual reforço das capacidades de defesa da NATO, o que poderia alterar o cenário previsto.
A posição de Trump e a pressão sobre os aliados da NATO
A publicação do relatório coincide com os esforços do presidente dos EUA, Donald Trump, para pôr fim à guerra na Ucrânia, que este mês entra no seu quarto ano.
Trump tem pressionado os membros da NATO a aumentarem o seu orçamento de defesa para 5% do PIB, mais do dobro da meta atual de 2%. Além disso, tem insinuado que os EUA podem retirar-se da Aliança Atlântica caso os aliados não reforcem os seus investimentos militares.
Em 2024, Trump causou controvérsia ao afirmar que “incentivaria” a Rússia a atacar qualquer país da NATO que não cumprisse as suas obrigações financeiras. A declaração gerou preocupação entre os aliados europeus e aumentou as dúvidas sobre o futuro do compromisso dos EUA com a defesa coletiva.
O relatório dinamarquês surge num momento de crescente instabilidade no cenário de segurança europeu, reforçando a urgência de uma estratégia comum para fortalecer a capacidade de dissuasão da NATO face à ameaça russa.