Dia Mundial do Ambiente: Portugal está no bom caminho para a sustentabilidade? Veja os números

Esta segunda-feira, 5 de junho, assinala-se o Dia Mundial do Ambiente e, a propósito desta data, a Pordata base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), em colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), divulgou uma compilação de vários dados que mostram o caminho que Portugal está a traçar em questões de ambiente e sustentabilidade, como as emissões de gases com efeito de estufa, consumo e fontes de energia, evolução das temperaturas e da precipitação. qualidade da água ou produção de resíduos e reciclagem.

“Através deste retrato, é possível perceber, por exemplo, que Portugal reduziu, face a 2005, 35% das emissões de gases com efeito de estufa e que a UE27 reduziu 24%; que os setores das Indústrias da Energia e dos Transportes têm sido responsáveis, de forma aproximadamente equitativa, por cerca de metade das emissões de GEE; que o país demonstra ainda um grande contributo da energia fóssil no seu cabaz energético; que em 2022 se registaram as temperaturas médias mais elevadas dos últimos 50 anos em Bragança, Castelo Branco, Lisboa e Beja; ou que, desde 1995, a produção de resíduos per capita tem vindo a aumentar, mas se em Portugal o aumento foi de 46%, na União Europeia o acréscimo ficou-se pelos 12%”, assinala a Pordata, no documento enviado à Executive Digest.

Menos emissões de gases com efeito de estufa e maior aposta nas energias renováveis
Revelam os números compilados pela Pordata que, desde 2005, “registou-se um decréscimo das emissões de gases de efeito de estufa (GEE), tanto em Portugal como na União Europeia: Portugal reduziu 35% e a UE27 reduziu 24%”.

Em 2021, o nosso País emitiu cerca de 57 mil toneladas de GEE (em equivalente de dióxido de carbono), o que equivale a 5,5 toneladas per capita, mas ainda assim abaixo da média dos países da UE (7,8 toneladas).

O documento da Pordata assinala que “os setores das Indústrias da Energia e dos Transportes têm sido responsáveis, de forma aproximadamente equitativa, por cerca de metade das emissões de GEE”.

Também o aprovisionamento de energia tem uma contribuição cada vez maior das renováveis. “Em 2021, Portugal demonstrava ainda um grande contributo da energia fóssil no seu cabaz energético: 40,6% advinha do petróleo e 23,6% do gás natural. Contudo, 31,6% já provinha das energias renováveis”, assinala a Pordata.

De acordo com os números, 65% da energia elétrica produzida em Portugal vem de fontes renováveis.

Temperaturas em sentido ascendente, mas no ano passado choveu o mesmo que o habitual
É sabido que grande parte do território nacional está em situação de seca ou seca extrema, e para isso contribuiu o aumento de temperaturas médias registado nos últimos anos.

“Comparando com o valor de referência (média do período 1971-2000), evidencia-se o aumento da temperatura em todas as estações aqui consideradas, à exceção da de Viana do Castelo, com desvios que atingem, com frequência, entre 1ºC e 2,3ºC, nos últimos cinco anos”, indica a Pordata.

No ano passado, segundo os dados, registaram-se as temperaturas médias mais elevadas dos últimos 50 anos em Bragança, Castelo Branco, Lisboa e Beja. Já se compararmos a média na década de 70 com a da década 2010-2019, verifica-se que no Porto, Beja, Faro e Funchal, a diferença foi de, pelo menos, 1,5ºC.

“Contrariamente ao observado com a temperatura, os dados da precipitação não revelaram até 2022 uma tendência clara de aumento ou de redução”, explica a FFMS, sustentando com os dados que mostram que o ano passado “foi um ano com valores de precipitação total dentro do padrão normal da respetiva estação meteorológica”.

Portugal é a economia que mais recursos naturais consome na orla mediterrânica

“Em Portugal, o consumo interno de materiais aumentou 65% entre 1995 e 2008, ano em que atingiu o seu valor máximo com 242 milhões de toneladas. A trajetória posterior foi de forte redução durante o período da crise económica, tendo-se seguido uma quase estabilização em torno de 164 milhões de toneladas”, indica o relatório.

No ano de 2021, Portugal terá consumido cerca de 174 milhões de toneladas de materiais e recursos naturais, o que equivale a 16,9 toneladas por habitante, acima da média europeia de 14,1 toneladas.

De acordo com a Pordata, no que respeita a água (seja para beber ou para mergulhar na praia) Portugal tem razões para estar orgulhoso – e para continuar e reforçar os esforços de proteção deste recurso tão precioso.

99% da água disponível na torneira dos consumidores é segura, quando em meados da década de 1990 apenas metade desta água era de boa qualidade.

Já nas praias, no ano passado 92% das praias costeiras apresentavam qualidade de água excelente (em 2011, o número estava nos 88%), o que fica acima da média da UE, de 88%.

No entanto, comparando com outros destinos europeus de praia, a qualidade das águas fica um pouco aquém de alguns como a Croácia (99%), Malta (97%), Grécia (96%) e Espanha (95%).

Os números mostram que Portugal tinha, em 2021, 21 mil km2 de área terrestre protegida (uma área sensivelmente igual à Região Norte), o que corresponde a 22,4% de todo o território português, colocando o País na 16ª posição face aos seus congéneres europeus e abaixo da média da UE27 (26%).

Produz-se cada vez mais lixo em Portugal
No que respeita à produção de resíduos urbanos, no ano de 2020, em Portugal atingiu-se as 5,3 toneladas com, em média, cada português a produzir 1,4 kg de lixo por dia, em linha com a média dos países da UE.

“Desde 1995 que a produção de resíduos per capita tem apresentado uma tendência de aumento (com exceção dos anos da crise, 2010 a 2013), mas se em Portugal o aumento foi de 46%, na União Europeia o acréscimo ficou-se pelos 12%”, indicam os números reunidos pela base de dados estatísticos da FFMS.

Também no lado negativo, em 2021 metade dos resíduos urbanos produzidos em Portugal acabaram em aterros (o dobro da média dos países da UE). No total dos 27, a reciclagem já é o destino de praticamente um terço dos resíduos (30%), enquanto em Portugal só se recicla 13% do lixo produzido.

No entanto, assinala a Pordata, “a evolução da reciclagem dos resíduos urbanos em Portugal tem sido idêntica à da UE27, apesar de Portugal ter tido um ponto de partida distinto – em 1995, Portugal reciclava 1%, enquanto a média da UE27 era de 12%”.

Assim, se compararmos 2021 a 1995, a percentagem de resíduos reciclados aumentou praticamente tanto em Portugal como no grupo de países da UE (12 pontos percentuais contra 18).

Ler Mais