Descobertas terras raras na fronteira de Portugal e Espanha. Tesouro escondido pode mudar o futuro da Europa

A fronteira entre a Extremadura espanhola e Portugal, outrora vista apenas como uma linha divisória, está agora no centro da corrida global pelos minerais estratégicos do futuro. Com a descoberta de depósitos significativos de terras raras no Alentejo e o potencial ainda inexplorado da Extremadura, esta região pode tornar-se fundamental na geopolítica da energia e das tecnologias avançadas.

Segundo a MiningWatch Portugal, existem pelo menos quatro jazidas confirmadas de terras raras em solo alentejano: Monforte-Tinoca, Assumar, Crato-Arronches e Penedo Gordo. Estas jazidas são exploradas por empresas como a Iberian Resources Portugal e a Acúrcio Henriques Parra, que já possuem contratos de prospeção e pesquisa. Além das terras raras, estas minas contêm minerais valiosos como ouro, prata, chumbo, zinco, tungsténio e estanho, revela o ‘elEconomista’.

Por outro lado, na Extremadura espanhola, estudos geológicos sugerem a existência de depósitos semelhantes em locais como Los Ibores, Campo Arañuelo, Alía, Burguillos del Cerro e Almendralejo.

O crescente interesse pelas terras raras deve-se à sua importância para a indústria tecnológica e para a transição energética. Estes minerais são essenciais na produção de dispositivos eletrónicos, baterias, turbinas eólicas e carros elétricos, tornando-se um recurso estratégico em disputa a nível mundial. Os EUA, por exemplo, têm procurado garantir o controlo sobre estas reservas, seja através da intenção de anexar a Gronelândia, que possui até 25% das reservas mundiais, seja através da influência sobre os depósitos ucranianos.

A Europa, por sua vez, procura alternativas para reduzir a sua dependência da China, atualmente o maior produtor e fornecedor de terras raras do mundo. Neste contexto, a fronteira ibérica emerge como uma oportunidade estratégica para o desenvolvimento de uma cadeia de abastecimento independente.

Apesar do grande potencial económico, a exploração das terras raras também levanta questões ambientais e sociais. O impacto da mineração nos ecossistemas locais e nas comunidades ainda precisa de ser avaliado, e será essencial equilibrar o desenvolvimento económico com a sustentabilidade ambiental.