Depois de três anos de covid-19 e uso de máscara, japoneses pagam a especialistas para reaprender a sorrir

No Japão, só três anos depois é que foi levantada a obrigatoriedade do uso de máscara, decretada no âmbito da pandemia da Covid-19 e, depois de tanto tempo sem mostrarem a boca, há muitos japoneses que ‘desaprenderam’ como sorrir. Para isso estão cada vez mais pessoas a recorrer a ‘tutores de sorriso’, para voltarem a aprender a fazê-lo sem que o resultado final parece estranho ou forçado.

Desde que foram levantadas as restrições, são muitos os que estão a ter dificuldade em readaptar-se à vida sem os equipamentos de proteção na cara e até que admitem ter-se esquecido do que é sorrir.

“Com o uso da máscara a ter-se tornado o normal, as pessoas ficaram com menos oportunidades de sorrir, e mais pessoas desenvolveram um complexo com isso”, explica Keiko Kawano, ‘coach’ de ‘educação de sorriso’, que trabalha na empresa Egaoiku.

“Mover e relaxar os músculos faciais é a chave para ter um bom sorriso. Eu quero que as pessoas percam tempo a sorrirem de forma consciente, para o seu bem-estar físico e mental”, assinala a especialista, citada pelo The Guardian.

A terapia é feita com os participantes a usarem um espelho, e inclui treinar vários sorrisos, vendo o que funciona e o que não, até redescobrir o que se perdeu algures durante uma pandemia.

Desde que se anunciou que a Covid-19 seria reclassificada como emergência no Japão, em fevereiro, que as candidaturas a programas para reaprender a sorrir na Egaoiku dispararam quase 5 vezes.

Keiko Kawano, que faz furor nas redes sociais, já treinou mais de 4 mil pessoas na arte de saber sorrir nos últimos seis anos, tendo também ajudado a formar centenas de ‘coaches do sorriso’.

“Um sorriso só o é se houver vontade. Mesmo que estejamos a pensar sobre sorrir, ou felizes, se não temos expressão, não vai chegar ao nosso público”, assinala a ‘guru’ dos sorrisos.

Uma investigação do grupo Laibo, especializado em carreiras e emprego, apurou que 27,8% dos trabalhadores em empresas no Japão com entre 10 e 50 anos, afirmavam que usariam as máscaras sem que fosse necessária qualquer obrigação, e mais de dois terços a dizer que decidiria sobre usar ou não máscara dependente da situação. Apenas 5,5% dos inquiridos afirmou estar feliz por poder andar sempre sem máscara.

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