
DeepSeek sob escrutínio: que países restringiram ou estão a investigar a empresa chinesa de IA?
A empresa chinesa DeepSeek, que desenvolveu o modelo de inteligência artificial (IA) DeepSeek-R1, tornou-se uma das aplicações mais descarregadas no mundo. No entanto, o rápido crescimento da plataforma tem sido acompanhado por um aumento das preocupações de governos e reguladores relativamente à segurança dos dados e ao risco de interferência por parte do governo chinês.
Vários países já proibiram ou estão a investigar o modelo, citando riscos de cibersegurança e potenciais problemas relacionados com a privacidade e a transmissão de dados sensíveis.
Proibições e restrições já implementadas
Taiwan
O governo de Taiwan proibiu, na semana passada, o uso do DeepSeek-R1 em todas as suas agências e infraestruturas críticas, justificando a decisão com preocupações de segurança nacional.
O Ministério dos Assuntos Digitais do país emitiu um comunicado oficial onde alertou que a utilização do DeepSeek poderia “comprometer a segurança da informação nacional”.
“O serviço de IA DeepSeek é um produto chinês”, afirmou o ministério no comunicado. “A sua operação envolve transmissão transfronteiriça de dados e riscos de fuga de informações, além de outras preocupações de segurança”.
A decisão reflete a política de cautela que Taiwan tem adotado em relação às tecnologias chinesas, devido às constantes reivindicações de soberania de Pequim sobre a ilha.
Estados Unidos
Embora não tenha havido uma proibição a nível nacional, alguns órgãos governamentais dos EUA já tomaram medidas contra o DeepSeek.
O estado do Texas tornou-se o primeiro nos EUA a proibir o uso do modelo de IA em dispositivos governamentais. O governador republicano Greg Abbott justificou a decisão afirmando que “o Partido Comunista Chinês não será autorizado a infiltrar-se na infraestrutura crítica do Texas através de aplicações de IA e redes sociais que recolhem dados”.
“O Texas continuará a proteger e a defender o nosso estado contra atores estrangeiros hostis”, declarou Abbott em 31 de janeiro.
Além do DeepSeek, o governador texano também proibiu outras aplicações chinesas, como o Xiaohongshu (conhecido como RedNote) e o Lemon8, de serem utilizadas em dispositivos do governo estadual.
A Marinha dos Estados Unidos seguiu o exemplo e instruiu os seus membros a não utilizarem o DeepSeek “para qualquer tarefa relacionada com o trabalho ou para uso pessoal”, segundo uma comunicação interna citada pela CNBC. O documento alertava para “preocupações com a segurança e ética associadas à origem e ao uso do modelo”.
A NASA também tomou medidas semelhantes. A agência aeroespacial proibiu os seus funcionários de utilizarem qualquer tecnologia da DeepSeek nos seus dispositivos e redes, além de bloquear o acesso ao serviço a partir dos seus sistemas internos.
Num memorando obtido pela CNBC, a NASA afirmou que “DeepSeek e os seus produtos e serviços não estão autorizados para uso com os dados e informações da NASA, nem em dispositivos e redes do governo”.
Itália
A Itália foi o primeiro país a banir oficialmente o DeepSeek, tendo bloqueado a empresa a 30 de janeiro.
A Autoridade Italiana para a Proteção de Dados ordenou que as empresas chinesas Hangzhou DeepSeek Artificial Intelligence e Beijing DeepSeek Artificial Intelligence cessassem imediatamente o processamento de dados de cidadãos italianos.
O regulador italiano avançou ainda que decidiu abrir uma investigação formal contra a empresa, depois de esta se ter recusado a fornecer informações solicitadas pelo governo italiano.
“Contrariamente ao que foi apurado pela autoridade, as empresas declararam que não operam em Itália e que a legislação europeia não se lhes aplica”, afirmou o regulador num comunicado.
Países que estão a investigar o DeepSeek
Além das proibições já implementadas, vários países iniciaram investigações sobre o funcionamento do DeepSeek e o tratamento dos dados pessoais dos utilizadores.
As autoridades de proteção de dados da Bélgica, Irlanda, França e Coreia do Sul já anunciaram que irão questionar a empresa sobre as suas práticas e mecanismos de segurança da informação.
As preocupações centram-se principalmente na possibilidade de que dados recolhidos pelo DeepSeek possam ser acessíveis pelos serviços de inteligência chineses, de acordo com a legislação da China, que exige que empresas do país colaborem com as autoridades em questões de segurança nacional.
Com o crescente escrutínio internacional, o futuro da DeepSeek fora da China permanece incerto, com cada vez mais países a questionarem os riscos de segurança associados ao seu modelo de IA.