DANA em Espanha: Protestos marcam um mês da tragédia. Amanhã está agendada grande manifestação

Esta sexta-feira terão lugar concentrações em várias localidades da província de Valência, em antecipação à grande manifestação marcada para sábado, 30 de novembro, na cidade de Valência. Os protestos, convocados por diversas entidades, surgem como resposta à alegada inação do Governo regional liderado pelo ‘president’ da Generalitat, Carlos Mazón, um mês após a DANA (depressão isolada em níveis altos) que devastou a região, deixando 222 mortos, cinco desaparecidos e danos materiais de dimensão multimilionária.

Numa conferência de imprensa realizada no Parque Alcosa, em Alfafar, na tarde de quarta-feira, as coportavozes das entidades organizadoras criticaram duramente o governo regional. Anna Oliver i Borràs afirmou que a situação das vítimas permanece crítica: “Um mês depois da tragédia, ainda há pessoas a viver no meio do barro, sem escola e sem uma casa digna”. Oliver acusou Carlos Mazón de representar “a destruição”, sublinhando que a falta de ações concretas demonstra o desinteresse pela reconstrução.

Por sua vez, Mar Bueno Cardona classificou a catástrofe como “evitável” e criticou o governo regional por agir “com desídia”. “Colocaram o dinheiro à frente das pessoas, e isto é intolerável”, afirmou. Bueno destacou ainda o impacto emocional sofrido pelas famílias afetadas: “Não perderam apenas as casas, mas também os seus recordações e esperanças”.

Já Beatriu Cardona i Prats, outra coportavoz, reforçou que os motivos para manter os protestos se intensificaram desde a manifestação realizada a 9 de novembro. “O governo de Mazón distribuiu milhões entre empresas amigas enquanto ignora a reconstrução real e urgente do País Valenciano”, denunciou. Cardona acrescentou que as ajudas a setores fundamentais, como o cultural, foram cortadas, apesar de este ser um dos mais afetados pela catástrofe.

Alexandra Usó y Cariñena, também coportavoz, destacou a solidariedade da população valenciana, mas lamentou que a administração regional não tenha correspondido. “As pessoas afetadas precisam de recuperar alguma normalidade mínima, mas o governo está completamente ausente”, criticou.

Toni Valero, do Kol·lectiu Parc Alcosa de Alfafar, enfatizou o papel central da sociedade civil. “A população foi a única a dar uma resposta eficaz a uma situação descontrolada, enquanto o governo ignorou as suas obrigações”, declarou. Valero acusou ainda o governo regional de “privatizar os processos de reconstrução, excluindo entidades e pessoas que melhor conhecem as necessidades reais”.

Calendário das ações de protesto

As concentrações desta sexta-feira estão previstas para as 19h30 em localidades afetadas pela dana, com exceção de Castelló, onde o início será às 20h00. No sábado, a manifestação em Valência terá início às 18h00 na Plaza del Ayuntamiento, terminando na Plaza de la Virgen. Inicialmente, o percurso previa terminar na Plaza de Manises, frente ao Palau da Generalitat, mas foi alterado por questões de segurança indicadas em relatórios oficiais.

Antes da manifestação principal, uma coluna partirá do Parque Alcosa às 16h00. Tanto nas concentrações de sexta-feira como na manifestação de sábado, às 20h11 — hora em que foi enviada a primeira alerta móvel a 29 de outubro —, será realizado um minuto de alarme, seguido de um minuto de silêncio, em memória das vítimas e como forma de denúncia das alegadas negligências institucionais.

As entidades organizadoras apelam à mobilização massiva da população para ambos os eventos. “Não podemos permitir que um governo irresponsável continue a colocar o dinheiro à frente das pessoas. É o momento de defender um País Valenciano digno e justo para todos e todas”, concluem.

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