Da pescada fresca aos brócolos, passando pelo óleo alimentar vegetal: Conheça os 10 produtos que mais aumentaram na última semana
Uma análise da DECO Proteste aos valores praticados revela que o preço do cabaz de bens alimentares essenciais “custa esta semana 206,39 euros, uma ligeira quebra (menos 1,64%) face aos 209,81 euros que custava há apenas uma semana (24 de agosto), mas mais 12,40% do que custava a 23 de fevereiro, véspera da explosão do conflito armado na Ucrânia”.
“Entre 23 de fevereiro e 31 de agosto, o preço da carne já registou um aumento de 17,30% (mais 5,58 euros)”, sublinha a DECO, acrescentando que “um quilo de lombo de porco, de frango, de febras de porco, de costeletas do lombo de porco, de bifes de peru, de carne de novilho para cozer e de perna de peru”, pode custar agora, em média, 37,82 euros.
Quanto ao peixe, a associação de defesa do consumidor indica que “aumentou 16,29% (mais 9,83 euros) no mesmo período”, sendo que “para comprar apenas um quilo de salmão, de pescada, de carapau, de peixe-espada-preto, de robalo, de dourada, de perca e de bacalhau, o consumidor pode agora ter de gastar, em média, 70,14 euros”.
A associação de defesa do consumidor tem monitorizado todas as semanas os preços de um cabaz de 63 produtos alimentares essenciais que inclui bens como peru, frango, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, fiambre, leite, queijo e manteiga.
Esta semana, no período compreendido entre 24 e 31 de agosto, “os dez produtos com maiores subidas de preço foram o queijo flamengo (mais 6%), os medalhões de pescada (mais 5%), o pão de forma sem côdea (mais 5%), a cenoura (mais 5%), os brócolos (mais 4%), o açúcar branco (mais 4%), o grão cozido (mais 4%), o arroz agulha (mais 3%), o iogurte líquido de morango (mais 3%) e os flocos de cereais (mais 2 por cento)”.
Olhando para o período desde 23 de fevereiro deste ano, a DECO Proteste aponta que todas as categorias de produtos alimentares registaram subidas de preços, sendo que “a carne (mais 17,30%) e o peixe (mais 16,29%) são as que mais se destacam, mas a mercearia (mais 9,63%), os laticínios (mais 10,26%), as frutas e legumes (mais 8,55%) e os congelados (mais 0,72%) também têm sofrido aumentos”.
Já os dez produtos que mais viram o seu preço aumentar entre 23 de fevereiro e 31 de agosto foram a pescada fresca (mais 76%), os brócolos (mais 36%), o óleo alimentar 100% vegetal (mais 31%), a couve-coração (mais 30%), o frango inteiro (mais 29%), o bife de peru (mais 27%), a costeleta de porco (mais 22%), a bolacha maria (mais 21%), a farinha para bolos (mais 21%) e a batata vermelha (mais 21%).
A associação explica que este aumento se deve ao facto de Portugal estar “altamente dependente dos mercados externos para garantir o abastecimento dos cereais necessários ao consumo interno”, que “representam atualmente apenas 3,5% da produção agrícola nacional: sobretudo milho (56%), trigo (19%) e arroz (16%).
“E se no início da década de 90 a autossuficiência em cereais rondava os 50%, atualmente, o valor não ultrapassa os 19,4%, uma das percentagens mais baixas do mundo e que obriga o País a importar cerca de 80% dos cereais que consome”, acrescenta a DECO.
O organismo esclarece que “a invasão da Rússia à Ucrânia, de onde provém grande parte dos cereais consumidos na União Europeia, e em Portugal, veio, por isso, pressionar ainda mais um setor há meses a braços com as consequências de uma pandemia e de uma seca com forte impacto na produção e na criação de stocks”.
“A limitação da oferta de matérias-primas e o aumento dos custos de produção, nomeadamente da energia, necessária à produção agroalimentar, podem, por isso, estar a refletir-se num incremento dos preços nos mercados internacionais e, consequentemente, nos preços ao consumidor”, sublinha.
Para além disso, aponta “os consecutivos aumentos dos preços ao consumidor, nomeadamente em produtos como os combustíveis e a alimentação, estão a contribuir para um aumento da taxa de inflação”.
“De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação chegou aos 9,1% em julho deste ano”, sendo que, contudo, “já em agosto, segundo as estimativas do INE, deverá ter desacelerado ligeiramente para 8,97 por cento”, conclui.