Da América à Ásia, passando pela Europa: Multidões saem às ruas para exigir melhores salários e mais proteção para os trabalhadores
No primeiro dia do mês de maio, vários milhares de pessoas em todo o mundo saíram às ruas de vários países para assinalar o Dia do Trabalhador, depois de dois anos de suspensão das tradicionais marchas.
Na Europa, num contexto de convulsões geopolíticas, económicas e sociais, as ruas de várias cidades encheram-se de pessoas e de vozes que reivindicaram melhores condições de trabalho e mais proteção no emprego, e pediram também que os governos implementassem mais medidas para combater os efeitos da crescente inflação.
Também em Moscovo se celebrou o primeiro de maio, embora as manifestações, encabeçadas pelo Partido Comunista russo e pelo ultranacionalista Partido Liberal Democrático, tivessem sido marcadas por expressões de apoio ao exército russo e à incursão lançada sobre Ucrânia pelo governo de Vladimir Putin, tendo sido possível ver cartazes com retratos de Lenine.
Por ocasião da efeméride, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen recorreu ao Twitter para deixar uma mensagem ao povo ucraniano: “Neste Dia do Trabalhador, presto tributo às pessoas que fogem da guerra na Ucrânia e que reconstroem as suas vidas na UE. Na Europa, eles podem aceder aos mercados de trabalho e ver reconhecidas as suas capacidades”.
On this #WorkersDay I pay tribute to the people fleeing the war in Ukraine and rebuilding their lives in the EU.
In Europe, they can access job markets and have their skills recognised.
Thank you to all EU countries and the Europeans workers who are helping them integrate.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) May 1, 2022
Em Portugal, a CGTP, pela voz de Isabel Camarinha, exigiu aumentos de salários em 90 euros ainda em 2022, o aumento do salário mínimo nacional para 800 euros a partir de julho deste ano e aumentos as pensões e reformas no mínimo de 20 euros.
Por seu lado, o Primeiro-ministro António Costa escreveu no Twitter que “Porque valorizamos o trabalho e ambicionamos uma sociedade mais justa, vamos adotar a Agenda do Trabalho Digno e prosseguir o objetivo de reforço do peso dos salários no PIB para a média europeia”, uma mensagem acompanhada de um gráfico que mostra que o peso dos salários no PIB nacional tem vindo a crescer sucessivamente desde 2016, e que em 2025 deverá estar em linha com a média da Zona Euro.
Festejamos hoje o Dia do Trabalhador. Porque valorizamos o trabalho e ambicionamos uma sociedade mais justa, vamos adotar a Agenda do Trabalho Digno e prosseguir o objetivo de reforço do peso dos salários no PIB para a média europeia. #diadotrabalhador pic.twitter.com/pEjNu3IXtk
— António Costa (@antoniocostapm) May 1, 2022
Nas Américas, dos EUA à Argentina pediram-se mais aumentos
Também do outro lado do oceano Atlântico se assinalou o Dia do Trabalhador. De acordo com o jornal salvadorenho ‘El Economista’, os norte-americanos exigiram a Joe Biden a regularização de milhões de pessoas indocumentadas a trabalharem Estados Unidos e mais proteção no trabalho.
Em Cuba, estima-se que mais de 50 mil pessoas tenham marchado pelas ruas do país, no que se pode considerar como um momento bem coordenado e organizado, empunhando cartazes e entoando cânticos que enalteciam o governo de Havana, liderado por Miguel Díaz-Canel, sucessor de Raúl Castro.
No Chile, registaram-se confrontos entre grupos de manifestantes, havendo registo de duas pessoas feridas com balas, uma em risco de vida, e de várias detenções. Em El Salvador, marchou-se por melhores direitos laborais e para exigir ao governo que seja mais duro no combate à atividade criminosa no país.
Na Venezuela, na Bolívia e na Argentina, também se reclamaram aumentos salariais e maior segurança dos trabalhadores. No Brasil, assistiram-se a marchas organizadas pela esquerda e pela direita, e na Colômbia registou-se uma forte presença política nas manifestações, o que poderá ser explicado com o aproximar das eleições presidenciais marcadas para 29 de maio, e com o presidente Duque a sublinhar que o seu governo conseguiu os maiores aumentos salariais dos últimos 50 anos.
Na China, o Dia do Trabalhador foi passado em confinamento
Na China, o Dia do Trabalhador ficou marcado pela impossibilidade de ajuntamentos na via pública, numa altura em que o governo de Pequim aplica uma dura política de “tolerância zero” para tentar combater os focos de infeção que têm surgido no país. A agência noticiosa estatal chinesa, Xinhua, avançou que a população “optou por ficar em casa e explorar novas formas de se entreterem durante o Dia do Trabalhador”. O silêncio foi o elemento mais marcante das celebrações do Dia do Trabalhador na China, com a ‘Al Jazeera’ a avançar que “todos os restaurantes em Pequim estiveram fechados para consumo no interior no domingo e podiam apenas disponibilizar takeout e serviço de entrega” até à próxima quarta-feira, que marca o fim das celebrações chinesas associadas aos Dia do Trabalhador.