Crise energética: UE recorre ao carvão e gás para contornar cortes russos, mas exige que países mais ricos cortem ainda mais na poluição
Para novembro, está agendada uma nova cimeira do clima, a COP27, que terá lugar no Egipto, e a União Europeia quer que as economias mais industrializadas para fazerem mais para reduzirem as quantidades de poluição que emitem para a atmosfera.
Num documento a que a ‘Reuters’ teve acesso, o bloco dos 27 Estados europeus denuncia que “a ação climática global continua a ser insuficiente”, apelando a que “todas as Partes assumam metas e políticas mais ambiciosas” e a que “as maiores economias que ainda não o tenham, revisitem ou reforcem as suas metas”.
Apesar de se esperar que a COP27 reunirá cerca de 200 representantes de países de todo o mundo, as negociações para limitar as emissões de gases com efeito de estufa, provenientes da queima de combustíveis fósseis, poderão encontrar obstáculos na atual crise energética que afeta o mundo, e especialmente a Europa.
Vários Estados-membros da União Europeia estão a reativar centrais de produção elétrica a carvão, a estender a vida de reatores nucleares e a colocar uma grande ênfase sobre o gás natural como forma de evitar os impactos dos cortes que a Rússia tem vindo a aplicar no abastecimento energético da Europa, empurrando cada vez mais o continente para um cenário de crise energética sem precedentes.
Estes planos de contingência permitem antever um aumento do nível de poluição da UE, mas os 27 querem que as economias mais desenvolvidas em todo o mundo façam mais para cortar nas emissões de gases tóxicos para a atmosfera.
A União Europeia é um dos maiores poluidores do mundo, sendo só ultrapassada pelos Estados Unidos e pela China.
As negociações podem ainda ser mais complicadas, considerando que as potências chinesa e norte-americana cessaram as conversações no campo climático depois de a visita da Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, ter visitado Taiwan e desencadeado um incidente diplomático entre Washington e Pequim.
Os países mais pobres, que apesar de serem os que menos poluem são os que mais sofrem com os seus efeitos, têm exigido que os Estados mais ricos estabeleçam um fundo de compensação para que possam fazer frente aos impactos das alterações climáticas. Contudo, a UE e os EUA têm resistido sistematicamente a estes apelos, mas o documento a que a ‘Reuters’ teve acesso mostra que o bloco europeu está disposto a debater “os termos de financiamento” aos países em desenvolvimento, mas não faz qualquer referência à criação de um fundo.