Crise económica faz tremer “impérios” de Silicon Valley. “Muitas empresas vão ser vaporizadas”, diz analista

Nos dias de hoje, as empresas tecnológicas são maiores, valem mais e representam porções mais significativas das economias onde operam. Se as condições económicas se mantiverem severas, ou até se piorarem, não serão só essas empresas que vão cair, mas também as economias que delas vieram a depender.

Jim Chanos, da gestora de investimentos Kynikos Associates, confessou à ‘Business Insider’ que, dadas as atuais circunstâncias económicas, “muitas empresas são ser vaporizadas. Muitas delas vão chegar ao zero”, no que poderá ser considerado como um fenómeno de extinção.

A ideia de Silicon Valley como um microcosmo que tinha como único objetivo a inovação, pode estar em risco. Nas últimas décadas, vários milhares de milhões têm fluído para o campus tecnológico mundial, no estado norte-americano da Califórnia.

Explica a mesma fonte que, no rescaldo da crise financeira mundial de 2008, as empresas tecnológicas beneficiaram de um contexto de taxas de juro reduzidas, que facilitava a contração de empréstimos bancários, fazendo de Silicon Valley um “ponto quente” do investimento rentável em inovação.

Num mundo cada vez mais interconectado, as promessas de criação de sociedades mais justas, transparentes e prósperas com base na tecnologia são hoje olhadas com mais ceticismo. As redes sociais e muitas outras invenções são hoje usadas como plataformas para disseminar informação falsa, para erodir regimes democráticos e o Estado de Direito e para espiar pessoas e empresas.

No campo financeiro, com a inflação a ganhar corpo e com as taxas de juro em trajetória ascendente, o “dinheiro fácil” que antes alimentava Silicon Valley está a tornar-se uma miragem, e o terreno fértil para o crescimento de startups está a tornar-se estéril. Aponta a ‘Business Insider’ que os maiores investidores de capital de risco estão a retrair-se e as empresas estão a enfrentar quadros de insustentabilidade financeira, com as suas prestações bolsistas em queda. O Softbank anunciou este mês que poderia cortar os seus financiamentos em 50%.

Chanos diz que, no passado, os investidores queriam apostar em tudo o que estivesse relacionado com tecnologia. Contudo, hoje o foco está no blockchain, machine learning, Inteligência Artificial e algoritmos, garante o especialista.

Contrariamente ao que se viu há cerca de uma década, os investidores hoje preferem arriscar o seu dinheiro em empresas com modelos de negócio sólidos e contas em dia, ao invés de apostarem, como nos períodos áureos de Silicon Valley, em tecnologia revolucionária e em ideias com potencial para transformar o mundo. Em tempos de contração económica, só o rentável atrai financiamento, e as boas ideias e intenções, por si só, acabam por não valer nada.

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