Crédito habitação: Abril vai trazer alívio nas prestações da casa mas pode ser ‘sol de pouca dura’: saiba quanto vai poupar

“Abril, descontos mil”. Esta pode ser a máxima para o mês que se aproxima no que diz respeito às prestações do crédito habitação, que podem valer uma poupança de até 114 euros na próxima transferência ao banco.

Nuno Rico, especialista da DECO PROteste, indicou, em exclusivo à ‘Executive Digest’, que abril vai ter “descidas muito ligeiras, sendo que no caso da Euribor a 12 meses o valor é praticamente igual ao do mês passado. A tendência mantém-se apesar de toda a incerteza, mas claramente registou-se uma estagnação”, apontou.

“Ao contrário da tendência dos últimos meses, em que a maturidade mais curta tem tido um valor mais alto do que a maturidade mais longa, o que é sinónimo de uma tendência de descida, este mês vamos ter já a Euribor a 12 meses com valor superior à média de 6 meses”, reforçou o economista. “Há sinais de que poderá haver nos próximos tempos uma estabilização ou inversão da tendência.”

O que dizem os números?

Tomemos como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1%:

– se o empréstimo tem como indexante a Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar no próximo ano irá descer para 666 euros, menos 114 euros (14,61%) em relação à que pagou nos últimos 12 meses (780 euros). A taxa média registada este mês – dados até ao dia 26 de março – foi de 2,410%.

– Já se o indexante for de 6 meses, prepare-se para entregar ao banco 664 euros, uma descida de 10,14% (75 euros) face a setembro último, quando a prestação se situava nos 739 euros. A taxa média de março fixou-se nos 2,390%.

– por último, se tiver um contrato a 3 meses: a taxa Euribor registou este mês uma média de 2,460% o que significa em abril uma redução da sua prestação de 4,42%: desce de 701 para 670 euros, menos 31 euros face à prestação de janeiro último.

Face aos números previstos para abril, Nuno Rico deixou um alerta. “Apesar de todo o contexto de incerteza mundial, a tendência de descida continua a verificar-se, mas já com relativo abrandamento. Deve manter-se até ao final do primeiro semestre de 2025, que vamos continuar a sentir o aliviar das prestações”, apontou.

“Há dois conselhos que se devem dar neste momento aos consumidores: o primeiro é que para quem está a considerar comprar casa e procura um crédito habitação é que deve ter a noção que o mercado está muito caro, ou seja, terá um esforço financeiro muito acima do desejável”, reforçou. “E ter consciência de que estes valores poderão vir a sofrer agravamento nos próximos meses. Ou seja, se agora consegue pagar as prestações, será que vai conseguir suportar isso no futuro?”

“Para quem tem crédito habitação e está a sentir alívio das prestações depois de dois anos terríveis, ter consciência que deve preparar este período de descida e folga financeira, se calhar tentando amortizar o crédito, e preparar-se para que este cenário se possa inverter”, concluiu o especialista.