Covid-19: Riscos negativos dominam panorama dos ‘ratings’ em 2021

Os riscos negativos irão dominar o panorama dos ‘ratings’ em 2021, de acordo com uma nota hoje divulgada pela agência de notação financeira canadiana DBRS Morningstar.

Afirmando que “os riscos negativos dominam as perspetivas dos ‘ratings’ dos soberanos [Estados]”, no entender da DBRS Morningstar “há condições para uma recuperação mundial gradual desde que a imunidade de grupo não esteja muito distante”.

“Ainda assim, caso o choque pandémico se prove mais persistente que o antecipado, poderá emergir uma ainda maior pressão negativa sobre os ‘ratings’. Mesmo que a pandemia seja eventualmente contida, a recuperação deverá ser mais lenta na Europa e em alguns outros países”, pode ler-se na nota de hoje.

A DBRS aponta que a recessão pandémica “pode ter acelerado mudanças estruturais, o que poderá deixar o desemprego persistentemente alto em alguns países”.

Apesar do apoio orçamental realizado pelos Estados, que “acelerará a recuperação económica e alguma deverá ser direcionada para investimentos produtivos”, a agência canadiana refere que os “riscos para a sustentabilidade da dívida podem aumentar a médio prazo”.

“Por agora, as baixas taxas de juro mitigam esse risco, mas crises passadas ensinaram-nos que um aumento da inflação ou dos prémios de risco pode ainda ocorrer. Aumentar a aversão ao risco pode afetar os mercados emergentes e devedores de juros altos”, de acordo com a DBRS.

A agência afirma que as medidas de apoio “serão desmanteladas e os estabilizadores automáticos irão ajudar a reequilibrar as contas orçamentais”, mas mais adiante “estabilizar as bases de crédito irá requerer planos e implementação de reequilíbrio orçamental”.

Noutros riscos, a DBRS refere que “as tensões sociais também se podem intensificar à saída da pandemia”, já que a recessão “teve um impacto desproporcional em muitas profissões de serviços pessoais, muitas das quais são trabalhos de baixo rendimento”.

“As taxas de mortalidade da pandemia também foram maiores em populações de menores rendimentos ou em minorias. Tal como na última crise mundial, as políticas dos governos podem ser percebidas como tendo beneficiado empresas grandes e com boas influências, deixando os pequenos negócios e agregados domésticos com menores rendimentos numa situação de desvantagem considerável”, entende a DBRS.

A agência alerta que a persistência de desigualdades, perceções de injustiça económica e falta de oportunidades “poderão causar danos duradouros às instituições políticas e à coesão social”, depois das “frustrações sociais se terem intensificado durante a pandemia”, devido à imposição de medidas como o distanciamento físico.

A DBRS refere ainda o protecionismo, com a pandemia a “gerar preocupações adicionais acerca da dependência de cadeias de valor do estrangeiro para recursos médicos críticos”.

“Se os governos aumentarem as barreiras às viagens, ao comércio e ao investimento, isto poderá ter efeitos negativos significativos na produtividade e nos custos de produção”, alerta a DBRS.

Por outro lado, “mudanças de política podem emprestar suporte adicional à recuperação, na medida em que os governos usem a pandemia como um ímpeto para aumentar o investimento e acelerar as reformas estruturais”.

Ainda assim, “para alguns países, as pressões para reduzir o défice podem gravitar contra o aumento de investimento e serem dissuasores do investimento”.

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