Covid-19: Risco de problemas neurológicos pode prolongar-se até 2 anos após diagnóstico, mostra novo estudo
Há meses que os cientistas têm vindo a estudar os impactos da Covid-19 nas capacidades neurológicas das pessoas infetadas, nomeadamente o surgimento de demência, de dificuldades cognitivas, de epilepsia ou de distúrbios psicóticos.
Contudo, um estudo publicado esta semana na revista científica ‘Lancet’ revela que o risco de os pacientes que contraíram a doença desenvolverem perturbações do foro psíquico e neuronal mantém-se elevado mesmo dois anos após terem sido diagnosticados com Covid-19.
O grupo de cientistas das universidades de Oxford e Cambridge, no Reino Unido, analisou dados de quase 1,5 milhões de pessoas que foram infetadas pelo novo coronavírus.
Comparando com um grupo de controlo composto por pessoas diagnosticadas com doenças respiratórias não-Covid, a investigação mostrou que os pacientes Covid tinham uma probabilidade 36 vezes superior de serem afetados por défice cognitivo e 33 vezes maior de desenvolverem demência, seis meses após serem diagnosticados com a infeção pelo coronavírus.
O estudo desvenda também que existe um maior risco de, meras semanas após serem diagnosticados com Covid-19, os pacientes desenvolverem problemas de temperamento e de ansiedade.
Em pacientes pediátricos infetados com Covid-19, os cientistas conseguiram perceber que a probabilidade de desenvolverem problemas como défice cognitivo e insónia eram maiores, quando comparados com pacientes não-Covid.
Contudo, esse risco elevado voltou a normalizar ao fim de dois meses, mas o risco de serem afetados por condições como a epilepsia manteve elevado mesmo dois anos o diagnóstico da infeção.
A ciência já demostrou que a Covid-19 deixa marcas mesmo depois de a pessoas ter vencido a infeção, como fadiga crónica, fraqueza muscular, perda de cabelo, disfunção erétil e doenças cardíacas. À presença de sintomas que se estendem além da infeção chama-se “Covid longa”, algo que a comunidade científica ainda está a tentar perceber como se desenvolve e manifesta.