Covid-19: Confinamento mais duro pode não conseguir travar pressão no SNS

Um grupo de especialistas prevê que mesmo com um confinamento mais duro, semelhante ao de março, não seja possível evitar que as unidades de cuidados intensivos tenham 1154 camas ocupadas com doentes Covid na primeira semana de fevereiro.

Revista de Imprensa
Janeiro 20, 2021
10:01

Um grupo de especialistas da NOVA Information Management School (IMS), prevê que mesmo com um confinamento mais duro, semelhante ao de março, não seja possível evitar que as unidades de cuidados intensivos tenham 1154 camas ocupadas com doentes Covid na primeira semana de fevereiro, avança o ‘Público’.

Segundo a mesma publicação, as previsões têm, por base um modelo epidemiológico composto por vários parâmeros, dos quais fazem parte o nível de contacto entre as pessoas mais vulneráveis a contrair o vírus e os pacientes infetados.

«Essa transmissibilidade, quando a incidência é alta, pode ser controlada com um lock down separações físicas, como aconteceu no primeiro confinamento e noutros posteriores. Conhecendo o comportamento das pessoas e a cenarização do efeito do novo lock down nessa transmissibilidade, criamos três cenários», explica Pedro Simões Coelho, presidente do Conselho Científico da NOVA IMS e coordenador do projeto, citado pelo jornal.

O primeiro cenário aponta para uma quebra da taxa de transmissibilidade de 90%, com todas as regras do primeiro confinamento. Aqui, o pico de novos casos deveria ser de 10.500, sendo alcançado entre 19 e 21 deste mês. Para além disso, a 7 de Fevereiro a incidência deve rondar os 4407 novos casos. Como os efeitos só são visíveis mais tarde, estima-se que existam 6710 internamentos, 1154 em unidades de cuidados intensivos (UCI).

O segundo cenário diz respeito a uma quebra da transmissibilidade de 60%, com o pico de novos casos, cerca de 11 mil, a ser alcançado entre 21 e 23 de Janeiro e uma incidência de 6505 novas infeções a 7 de fevereiro. Os internamentos seriam 7446, dos quais 1193 em UCI.

No terceiro e último cenário é tida em conta uma quebra da taxa de transmissibilidade de 30%, com o pico de 12500 novos casos a ser atingido d entre 28 e 30 de janeiro, e uma incidência de 11730 novos casos. Esperam-se ainda 8705 doentes internados, dos quais 1247 em cuidados intensivos.

«Acreditamos que nos últimos dias devemos estar num cenário entre os 30% a 50% de quebra de transmissibilidade em relação a Março», refere Pedro Simões Coelho, ao ‘Público’, sublinhando que «as projeções deixam o número de doentes internados em cuidados intensivos próximos da capacidade total nacional».

O responsável revela que «estamos numa situação de enorme pressão para o SNS e em que nos aproximamos de uma situação em que os hospitais correm o risco de ficarem esgotados e já não ser possível transferir doentes», alerta. «Mas ainda estamos a tempo de evitar uma situação de rutura se levarmos o confinamento muito a sério», recorda.

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