“Contra a islamização”: Marcha da extrema-direita no Martim Moniz preocupa imigrantes e autoridades, que prometem estar “muito atentas”

Grupos de extrema-direita em Portugal agendaram para o dia 3 de fevereiro uma manifestação em Lisboa, que inclui uma Marcha pelas ruas da Mouraria e Martim Moniz, “contra a islamização”. A situação está a preocupar os imigrantes que vivem e têm negócios nestas zonas, bem como as forças de segurança.

“Se houver algum problema, teremos de fechar as nossas lojas. Não queremos lutar contra eles”, relata ao Expresso Rana Taslim Uddid, presidente da comunidade do Bangladesh, explicando que tem a acompanhar nas redes sociais os grupos neonazis que estão a organizar e participar no protesto.

O responsável teme episódios de violência e pediu para que os imigrantes não respondam a eventuais provocações no dia da marcha.

O protesto tem sido organizado sobretudo em canais de Telegram associados à extrema-direita, algo que as forças policiais e serviços de segurança estão a monitorizar de perto.

“Vamos estar muito atentos a esta marcha. Estamos na fase de recolha de informação e análise, mas diria que vai merecer a melhor atenção e planeamento”, explica ao mesmo jornal fonte policial, adiantando que há “um grau de risco muito grande”.

A associação Renovar a Mouraria, que apoia imigrantes nesta zona de Lisboa, lamenta um “crescimento do discurso de ódio contra os imigrantes, sobretudo oriundos do Sudoeste Asiático”, verificado nos últimos meses, tanto entre mais velhos, como contra crianças.

“Também na escola há crianças, com o seu discurso mais ingénuo, que chamam nomes pejorativos aos colegas de outras partes do mundo. É um fenómeno em crescendo que é preciso urgentemente desconstruir”, indica a presidente Filipa Bolotinha, recordando também um caso recente de um vídeo, divulgado nas redes sociais, em que membros da comunidade hindustânica são insultados, numa rua daquele bairro lisboeta.

A comunidade imigrante no Martim Moniz e Mouraria olha com apreensão para o protesto e relata vários episódios de racismo e xenofobia. “Aqui no bairro sentimo-nos seguros. Lá fora, por vezes, levamos com bocas de outras pessoas. Sabemos que são por causa da nossa cor de pele”, conta um paquistanês, residente em Portugal há 10 anos, e que é dono de uma loja em Lisboa.

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