Construtora responsável pelo edifício consumido pelas chamas em Valência utilizou material altamente inflamável no revestimento

O quarteirão formado por dois edifícios que em poucas horas acabaram queimados pelas chamas no bairro Campanar, em Valência, foi construído no início dos anos 2000 pela construtora catalã Fbex, uma das empresas que ganhou protagonismo durante a bolha imobiliária criada pela forte procura de habitação que conheceu toda a zona mediterrânica.

Pouco depois da construção do edifício, com 138 residências, a Fbex, que pertencia ao empresário Juan Parada Henares, teve de pedir falência devido à impossibilidade de fazer face à pesada dívida que tinha – o tribunal aceitou o pedido, com a empresa já com um volume de dívida próximo dos 640 milhões de euros, depois de não ter conseguido chegar a acordo com as entidades financeiras para o refinanciamento.

O promotor adquiriu 500.000 metros quadrados de terrenos edificáveis ​​na Comunidade Valenciana e em Múrcia para levar a cabo os seus ambiciosos planos de expansão. A sua estratégia em ambas as comunidades autónomas foi construir mais de 5 mil novas habitações na região. No entanto, foi também construído uma grande torre, de 20 andares, chamada ‘Navis’, na fronteira entre Valência e Mislata.

A promotora, que desenvolveu vários edifícios residenciais em Valência, utilizou o projeto arquitetónico e a qualidade dos materiais como elementos fundamentais para comercializar as suas casas. No vídeo do edifício devastado pelas chamas, o promotor explicou que este tinha “fachadas revestidas com um inovador material de alumínio do tipo alucovol” – indicou ainda que se tratavam de dois “edifícios vanguardistas e únicos ligados por um espetacular elevador panorâmico”, com “alta qualidade” nos materiais de construção, com instalações modernas e “rigorosos controlos de qualidade em todo o processo construtivo”.

Foram mesmo colocadas à venda casas incluídas no agora destruído imóvel a 6 mil euros o metro quadrado, ainda que, com o fim da bolha imobiliária, boa parte tenham acabado nas mãos dos bancos credores.

O maior incêndio da história de Valência, que provocou quatro mortos e vários feridos, não teve ainda causas determinadas mas, de acordo com os investigadores, a razão pela qual as chamas se espalharam tão rapidamente deve-se ao revestimento do edifício com poliuretano, um material plástico altamente inflamável.

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