Conservadorismo à vista: Friedrich Merz revela primeiras escolhas para o futuro governo alemão

O futuro chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, revelou esta segunda-feira os primeiros nomes para o novo governo, sinalizando desde já uma aposta clara em experiência política, lealdade partidária e liderança com forte ligação ao mundo empresarial. A composição inicial do executivo aponta para uma orientação mais conservadora e uma prioridade reforçada nas áreas da segurança e da competitividade económica.

Johann Wadephul, figura veterana da política de defesa e dos assuntos internacionais, foi indicado para liderar o Ministério dos Negócios Estrangeiros. A nomeação surge num momento de crescentes tensões geopolíticas, em que Berlim pretende adotar uma postura mais assertiva no plano internacional.

No plano económico, Katherina Reiche, antiga executiva do setor energético e ex-deputada, assumirá o comando do Ministério da Economia e Energia. A escolha de Reiche sinaliza a intenção de Merz de colocar a reindustrialização da Alemanha no centro das prioridades governativas.

Patrick Schnieder, com vasta experiência na definição de políticas de transportes, será o novo ministro dos Transportes. Para a Educação, foi escolhida Karin Prien, que até agora liderava esta pasta no estado federal de Schleswig-Holstein.

No Ministério da Saúde, a liderança será entregue a Nina Warken, deputada no Bundestag e especialista em questões legais, uma aposta que reflete a preocupação com a robustez jurídica das reformas previstas para o setor.

Um novo ministério para a digitalização
Entre as novidades está a criação de um Ministério da Digitalização, uma estrutura destinada a impulsionar reformas há muito consideradas urgentes. O escolhido para dirigir esta nova pasta é Karsten Wildberger, físico de formação e executivo no setor tecnológico, que terá como missão modernizar a administração pública e melhorar os serviços digitais disponibilizados aos cidadãos.

A área da cultura e dos meios de comunicação social ficará sob a responsabilidade de Wolfram Weimer, jornalista e editor de renome. Já Christiane Schenderlein, também deputada no Bundestag e conhecedora das políticas culturais, será a ministra de Estado para o Desporto e o Voluntariado.

Forte aposta nos assuntos europeus
No domínio dos assuntos europeus, Friedrich Merz reforçou a sua equipa com nomes de peso da União Democrata-Cristã (CDU). Serap Güler integrará o Ministério dos Negócios Estrangeiros como ministra de Estado para a Cooperação Internacional. Gunther Krichbaum, veterano em matérias europeias, assumirá o cargo de ministro de Estado para os Assuntos Europeus, um sinal da importância que Berlim continuará a atribuir às relações com Bruxelas.

Por fim, Thorsten Frei, aliado próximo de Merz e antigo gestor parlamentar da CDU/CSU, será o novo chefe da Chancelaria. Num cargo crucial, equivalente a um chefe de gabinete, Frei terá a responsabilidade de coordenar as operações governamentais e garantir a disciplina interna do executivo, tarefas fundamentais para a execução da ambiciosa agenda doméstica e de segurança delineada por Merz.

Estas primeiras escolhas, anunciadas poucos dias antes da convenção restrita do partido que terá lugar em Berlim, traçam o perfil de um governo que pretende reforçar a estabilidade interna, modernizar a economia e afirmar a Alemanha como um ator mais robusto no cenário internacional.