Conselho de Administração da Galp propõe cortar dividendo de 2020 para metade
O Conselho de Administração (CA) da Galp vai propor um dividendo por ação relativo a 2020 para 0,35 euros, metade dos 0,70 euros por ação pagos no ano passado, foi hoje anunciado ao mercado.
“O Conselho de Administração da Galp irá propor na Assembleia Geral de Acionistas em Abril um dividendo por ação (DPS) de 0,35 euros/ação, relativo ao exercício de 2020, a ser pago em maio”, lê-se no comunicado enviado pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
No ano passado, foram distribuídos 580,5 milhões de euros o pelos acionistas da Galp Energia, correspondente a 0,70 euros por ação.
Segundo o CA, o “ajuste do dividendo reflete os impactos inesperados resultantes das condições de mercado particularmente adversas”.
O CA da Galp deixou, ainda, expresso o objetivo de 0,50 euros relativos ao exercício de 2021, “considerando as perspetivas atualizadas da envolvente macro”.
A Galp teve em 2020 um resultado negativo em 42 milhões de euros, comparando com os 560 milhões de lucros conseguidos no ano anterior, valores que mostram os desafios impostos ao setor pela pandemia, segundo os dados revelados pela empresa.
De acordo com os valores comunicados à CMVM, no quarto trimestre do ano o resultado líquido ajustado caiu 98% em termos homólogos para três milhões de euros.
Os dados hoje revelados indicam que o resultado ajustado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu no ano passado 34% em relação a 2019, fixando-se em 1.570 milhões de euros, “refletindo as condições de mercado particularmente adversas durante o período, atribuíveis à pandemia”, sublinha a empresa.
“Os números evidenciam igualmente os projetos que, apesar do contexto adverso, a Galp continuou a promover para se transformar numa empresa mais sustentável, nomeadamente o investimento efetuado na aquisição dos projetos de energia solar em Espanha – que permitem que seja hoje o maior produtor ibérico de energia fotovoltaica – e a adaptação do seu aparelho refinador à transformação em curso no sistema energético global”, refere a Galp, em comunicado.
O investimento líquido subiu 5% e chegou aos 830 milhões, “considerando os proveitos dos processos de unitização e incluindo o pagamento de €325 m relacionados com a transação do portefólio solar fotovoltaico” realizada no terceiro trimestre de 2020.
Já o investimento nas atividades de ‘upstream’ corresponderam a 36% do total, “sendo 23% direcionado às atividades de downstream e 39% para a área de Renováveis & Novos Negócios”.
Na sequência da decisão de concentrar as atividades de refinação no complexo de Sines, descontinuando as operações de refinação em Matosinhos a partir deste ano, e de acordo “as melhores estimativas atuais”, a Galp registou 35 milhões de custos de restruturação, bem como imparidades e provisões no montante de 247 milhões, “todos considerados como eventos não recorrentes”, num total após impostos de 200 milhões.
A dívida líquida aumentou para 2.066 milhões, considerando 544 milhões de dividendos pagos a acionistas e a interesses minoritários durante o ano de 2020, bem como 129 milhões de outros efeitos, “maioritariamente relacionados com a desvalorização do real brasileiro e do dólar dos EUA”.