Confrontos e gritos: Ventura recebido com protestos da comunidade cigana em Braga e queixa-se de “perseguição organizada”
A campanha do Chega para as eleições europeias voltou esta quinta-feira a ser marcada por protestos. Desta vez, em Braga, cerca de 30 elementos da comunidade cigana receberam André Ventura com gritos de “racista!” à sua chegada ao Arco da Porta Nova, onde o partido dava início a uma arruada pelo centro da cidade.
O ambiente tornou-se rapidamente tenso, com trocas de palavras acesas entre os manifestantes e apoiantes do partido. Ventura, rodeado por deputados e elementos da segurança do Chega, respondeu aos gritos com frases como “racistas são vocês!” e “vocês têm que trabalhar”, insistindo em declarações controversas dirigidas à comunidade. “Nós sabemos de número que os ciganos não cumprem muitas regras do nosso país”, afirmou o líder do Chega. No entanto, confrontado pelos jornalistas sobre a origem desses dados, não conseguiu apresentar qualquer fonte ou estatística.
O presidente do Chega afirmou ainda que o partido está a ser alvo de uma campanha organizada por membros da comunidade cigana. “O que está a acontecer é uma perseguição. É um conjunto de ciganos que andam pelo país e que estão organizados”, acusou Ventura, lançando também suspeitas não fundamentadas: “Não sei se é a própria comunidade que se organiza ou se são partidos de esquerda”. Reforçou ainda: “Tenho tanto direito a ser candidato como os outros”.
Esta foi a segunda vez em dois dias que André Ventura foi confrontado por protestos semelhantes. Na quarta-feira, em Aveiro, também foi acusado de racismo por membros da comunidade cigana. Em Braga, algumas das pessoas presentes no protesto exibiam documentos para comprovar que têm a sua situação fiscal e legal regularizada, numa tentativa de desmentir os estereótipos frequentemente associados pelo líder do Chega.
Apesar do clima de tensão, não foram registados confrontos físicos, embora o ambiente se tenha mantido hostil. A polícia acompanhou de perto o percurso da arruada, garantindo a segurança dos participantes.
O episódio de Braga insere-se num padrão recorrente de tensão entre o Chega e comunidades que o partido tem frequentemente visado no seu discurso político, particularmente a comunidade cigana, que já acusou André Ventura de alimentar o preconceito e o estigma social. A campanha eleitoral do partido continua nos próximos dias, e tudo indica que a contestação também acompanhará o seu percurso.