Confiança económica dos portugueses é a mais baixa desde 2017, revela estudo: quase 80% acredita que cenário vai ser pior nos próximos meses

De acordo com o relatório “Estudo da sociedade portuguesa: Rendimento, Poupança e Confiança Económica”, realizado em dezembro de 2022, pelo Observatório da Sociedade Portuguesa, da CATÓLICA-LISBON, os portugueses nunca estiveram tão pessimistas, com o Índice de Confiança Económica em Portugal (ICE) a registar os valores mais baixos desde 2017. Além dos níveis de confiança económica, o estudo avaliou ainda as perceções sobre os rendimentos e as intenções de poupança a uma amostra composta por 1001 participantes da sociedade portuguesa.

Em dezembro de 2022, mais de metade dos participantes avaliaram as condições económicas de Portugal como fracas a muito fracas (66.8%). Em novembro de 2021, um estudo realizado pelo mesmo Observatório, revelou que apenas 53.3% dos participantes partilhava esta visão. Assim, em comparação com os dados do final do ano de 2021, anterior ao início do conflito entre Rússia e Ucrânia, registou-se um aumento de 25.3% dos portugueses que avaliam as condições económicas de Portugal como fracas a muito fracas. Há uma menor proporção de participantes a considerar as condições económicas como moderadas (21.6% em 2022 versus 28.0% em 2021) e boas a excelentes (11.6% em 2022 versus 18.7% em 2021).

Quando questionados quanto ao futuro da economia portuguesa, os participantes continuam a mostrar sinais de preocupação, com 79.7% a indicar que vão piorar nos próximos meses, antevendo uma crise económica face ao impacto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia na economia mundial e nacional. Em novembro de 2021, eram 59.8% dos participantes a partilhar este sentimento, o que mostra um aumento considerável de 33.22% de participantes que estão cada vez mais pessimistas quanto ao futuro da economia portuguesa.

Estes dados permitem calcular o Índice de Confiança Económica em Portugal, que registou o valor mais baixo desde 2017, -63.5 pontos, numa escala entre -100 e +100.

Quando questionados sobre os rendimentos necessários para fazer face às despesas, a maioria dos inquiridos (53.7%) indica precisar entre 500€ e 999€ mensais. Por outro lado, 19.5% dos participantes indica precisar de menos de 500€ e 26.8% de mais de 1000€, para fazer face às despesas mensais. Observa-se que a percentagem de pessoas que consegue fazer face às despesas com menos de 500€ tem vindo a diminuir acentuadamente desde o primeiro ponto de recolha de dados Observatório em 2016.

No que diz respeito aos rendimentos mensais líquidos, 57.7% dos participantes avaliam que é suficiente para viver, contrastando com 26.9% dos participantes que avalia que é um pouco ou muito difícil de viver com os seus rendimentos. Apenas 15.4% dos participantes indica que não é difícil, nem fácil de viver com o seu rendimento atual.

Referente à poupança, a maioria dos participantes indica ter muito interesse em poupar (56%), mas, em comparação, com o estudo realizado em novembro de 2021, verifica-se uma descida de 11.4% dos participantes com esta intenção. Adicionalmente, a maioria dos participantes (65.1%) refere ter colocado de lado como poupança até 19% do seu rendimento mensal familiar líquido durante o ano de 2021.

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