Como será o clima na minha cidade daqui a 50 anos? Mapa interativo mostra mudanças resultantes das emissões de carbono

À medida que tempestades extremas, inundações, incêndios, secas, vagas de frio e de calor nos atingem com mais frequência e intensidade, mais de metade do nosso planeta deverá transitar para novas zonas climáticas até ao final deste século.

Um novo mapa interativo, “The Future Urban Climates”, permite explorar como o clima da sua cidade será impactado.

Usando dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o ecologista espacial Matthew Fitzpatrick, da Universidade de Maryland, comparou 40.581 localidades em todo o mundo com lugares próximos que já estão a experienciar o clima futuro previsto para 2080.

Por exemplo, uma visita ao norte do Mississippi hoje permitiria sentir o clima que Nova Iorque deverá ter em 2080. No entanto, sob um cenário de baixas emissões, o clima futuro projetado estará muito mais próximo.

Segundo uma análise do mapa feita pela Executive Digest, os verões em Lisboa serão 3,4 graus Celsius mais quentes e 20,2% mais secos. Os invernos serão 6,6ºC mais quentes e 15,5% mais secos. De acordo com o mapa, as condições climáticas em Lisboa, daqui a 80 anos, serão semelhantes às que hoje se encontram em Tarifa, na Andaluzia, Espanha.

“Daqui a 50 anos, as cidades do hemisfério norte vão-se tornar muito mais parecidas com as cidades do sul,” explica Fitzpatrick. “Tudo está a mover-se em direção ao equador, em termos do clima que está por vir.”

Estima-se que, em 2015, quase 6% da área terrestre do planeta já tenha transitado para climas mais quentes e secos em comparação com 1950.

As mudanças mais extensas até agora ocorreram na América do Norte, Europa e Oceânia. O novo mapa revela como será o nosso mundo à medida que estas tendências continuem até 2080, mas também o que acontecerá sob um cenário de baixas emissões, caso consigamos reverter a situação.

Com um aumento de temperatura esperado de 6°C (11°F), Washington, DC, deverá sentir-se como a atual Louisiana do Norte.

“Quanto mais se aproxima do equador, há cada vez menos boas correspondências para climas em locais como a América Central, sul da Flórida e norte da África,” adverte Fitzpatrick. “Não há nenhum lugar na Terra representativo do que esses locais serão no futuro.”

Cerca de 40% da população global vive nessas regiões equatoriais. São mais de 3,3 mil milhões de pessoas que enfrentam um clima mais extremo do que qualquer lugar habitado atualmente. Alguns investigadores temem que partes dos trópicos possam tornar-se inabitáveis, uma vez que há um limite para o calor e a humidade que os nossos corpos podem suportar.

Com temperaturas a ultrapassar os extremos previstos no ano passado e sem sinais de que governos e indústrias estejam a tomar medidas significativas para reduzir as emissões de combustíveis fósseis que causam o problema, é cada vez mais provável que enfrentemos os cenários mais extremos delineados no mapa.

“Espero que isto continue a informar a conversa sobre as mudanças climáticas,” diz Fitzpatrick. “Espero que ajude as pessoas a compreenderem melhor a magnitude dos impactos e por que os cientistas estão tão preocupados.”