Como será o Ártico em 2100? Estudo revela consequências das mudanças climáticas… e não são boas

Se a mudança climática continuar, como será o Ártico em 2100?

De acordo com os cientistas, as coisas realmente não parecem favoráveis, apesar dos alertas urgentes dos especialistas sobre os efeitos devastadores das mudanças climáticas há décadas.

Um estudo lançou alguma luz sobre como exatamente o planeta pode olhar para a viragem do século seguinte se as condições não melhorarem. No artigo “Disappearing landscapes: The Arctic at +2.7 degrees celsius global warming” é descrito como serão algumas das partes mais frias do mundo até 2100.

“O Ártico está a aquecer quatro vezes mais do que a taxa do resto do planeta”, começou por explicar Julienne Stroeve, cientista sénior do National Snow and Ice Data Center (NSIDC) e professora do Centro de Ciência da Observação da Terra da Universidade de Manitoba (Canadá).

“Com 2,7 graus Celsius de aquecimento global, veremos impactos mais extremos e em cascata nesta região do que em outros lugares, incluindo verões árticos sem gelo marinho, derretimento acelerado da camada de gelo da Gronelândia, perda generalizada de permafrost e temperaturas do ar mais extremas. Essas mudanças devastarão a infraestrutura, os ecossistemas, as comunidades vulneráveis ​​e a vida selvagem”, apontou a cientista.

No artigo, os autores usaram o Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas como ponto de partida. Atualizaram o conhecimento do relatório sobre três áreas específicas do ambiente do Ártico, incluindo gelo marinho, a camada de gelo da Gronelândia e o permafrost, focando em estudos existentes que mostram consenso sobre as mudanças que ocorrerão na região.

Com um aquecimento de 2,7 graus Celsius, a região do Ártico provavelmente sofrerá os seguintes efeitos:

– Praticamente todos os dias do ano terão temperaturas do ar superiores aos extremos de temperatura pré-industriais.
– o Oceano Ártico ficará livre de gelo marinho por vários meses a cada verão.
– a área da camada de gelo da Gronelândia que passará por mais de um mês de temperaturas de superfície acima de 0 graus Celsius quadruplicará em comparação às condições pré-industriais, fazendo com que o nível global do mar suba mais rápido.
– o permafrost na superfície diminuirá em 50% aos níveis pré-industriais.

“O nosso artigo mostrou que, já hoje, a humanidade tem o poder de varrer paisagens inteiras da superfície do nosso planeta”, explicou Dirk Notz, professor de pesquisa polar na Universidade de Hamburgo e coautor do estudo. “Seria incrível se pudéssemos tornar-nos mais conscientes desse poder e da responsabilidade que o acompanha, pois o futuro do Ártico realmente está nas nossas mãos.”