Com a “exceção ibérica”, energias nuclear e hidroelétrica podem vir a perder até 6.000 milhões de euros

No final de abril, a Comissão Europeia aprovou uma proposta conjunta de Portugal e Espanha para estabelecer um limite ao preço médio da eletricidade na Península Ibérica, por um período de 12 meses. As negociações com Bruxelas permitiram a Lisboa e Madrid alcançar os 50 euros por megawatt por hora (MWh) como o preço médio a ser praticado pelas elétricas ainda dependentes de combustíveis fósseis, designadamente do gás natural.

Contudo, análise do ‘El País’ avança que este limite fará com que as energias alternativas, como a nuclear, a hidroelétrica e outras renováveis, registem perdas de lucro, utilizando como preço de referência os 80 a 90 euros/MWh, entre os 4.500 milhões e 6.000 milhões de euros nos 12 meses em que vigorar esta “exceção ibérica”.

Explica também o mesmo jornal espanhol que o preço da eletricidade produzida em centrais de ciclo combinado (que utilizam uma turbina a gás e outra a vapor) não reflete os reais custos com a produção. Apesar de o preço para o consumidor final ficar nos 50 euros/MWh, o real custo de produção rondaria dos 150 euros/MWh.

O governo espanhol deverá permitir que as elétricas do mercado regulado, à semelhança do que já se verifica no mercado livre de energia, possam colmatar o hiato entre o preço ao consumidor e os reais custos de produção imputando essa diferença às empresas que comercializam a energia.

Inicialmente, o mecanismo proposto previa também a existência de dois tipos de preços: um para o consumo interno, que seja limitado para proteger os consumidores ibéricos; e outro para exportações para outros países, um valor real, sem teto máximo. Contudo, Bruxelas rejeitou essa dupla abordagem, preferindo tratar todos os consumidores igualmente.

Ainda não há data oficial para o arranque da nova medida, mas acredita-se que arranque ainda antes do verão, com o Observador a dizer que começará já neste mês de maio.

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