China, Rússia e Estados Unidos ‘em guerra’ pelo ‘ouro branco’ nas salinas da Bolívia

Um dos metais mais procurados a nível mundial tem motivado uma ‘guerra’ entre a troika China-EUA-Rússia pela sua extração – o ‘campo de batalha’: a Bolívia.

No final de janeiro último, o Governo de Luis Arce assinou um acordo de mil milhões de dólares com as empresas chinesas Catl, Brunp e Cmoc (conhecidas como CBCs), assim como com a empresa estatal boliviana Bolivian Lithium Deposits (YLB) para explorar depósitos de lítio. O presidente e a YLB estimaram que o lítio poderá ser exportado até ao primeiro trimestre de 2025, num movimento que o Governo local considerou como “a era da industrialização do lítio boliviano”.

Na passada sexta-feira, o Governo da Bolívia anunciou que uma empresa russa, outra americana e duas chinesas já tinham testado com sucesso as suas tecnologias de extração direta de lítio (EDL) nas salinas bolivianas – a empresa russa Uranium One Group, a americana Lilac Solutions e a chinesa Citic Guoan e Tbea Group (diferentes das mencionadas acima) puderam verificar que as suas tecnologias EDL podem ser aplicadas nas salinas das regiões andinas de Potosí e Oruro, sublinhou o presidente da Bolivian Lithium Deposits (YLB), Carlos Ramos, em comunicado.

“Foram quase dois anos de trabalho para selecionar as melhores tecnologias e acelerar o processo de produção e industrialização do lítio”, revelou Ramos. A empresa estatal boliviana explicou que as tecnologias avaliadas das quatro empresas são “aplicáveis” às salinas bolivianas de acordo com suas características e relatam uma taxa de recuperação de lítio “superior a 80%”.

A Bolívia tem reservas estimadas em 21 milhões de toneladas de lítio, uma das maiores do mundo, a maior parte em Uyuni, e em menor quantidade em Pastos Grandes e Coipasa.

Os especialistas concordam que o consumo de lítio está destinado a disparar nos próximos anos, à medida que a eletrificação da economia avança e são abandonados os combustíveis fósseis. As baterias de carros elétricos e outros aparelhos são muito intensivas em lítio, enquanto alguns geradores de energia renovável também utilizam o ‘ouro branco’ para a sua produção.

Alguns especialistas garantem que todo o lítio produzido em 2021 duraria apenas um mês em 2040 (levando em conta o consumo projetado de lítio) e 2 semanas em 2050. As previsões sustentam que a produção de lítio deve crescer mais de 20 vezes se quiser para atender à procura desse material em 2050.

A Bolívia já possui plantas de industrialização de sal e cloreto de potássio em operação, além de uma planta piloto de carbonato de lítio, e uma de maior porte está em construção, com produção estimada em cerca de 15 mil toneladas. O Executivo boliviano também quer coordenar-se com Chile, Argentina e Peru para promover o desenvolvimento regional a partir do lítio.

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