China prepara ‘plano B’ caso Putin morra ou seja deposto, garantem analistas: primeiro-ministro russo Mikhail Mishustin pode ser o sucessor

A China, em particular o seu líder Xi Jinping, pode estar a preparar “um plano de contigência” caso Putin seja deposto, revelou esta sexta-feira a publicação ‘Insider’ – de acordo com analistas, o presidente chinês parece estar a estabelecer laços mais estreitos com o primeiro-ministro de Putin, Mikhail Mishustin.

O presidente da China, Xi Jinping, e o líder russo, Vladimir Putin, tentaram apresentar-se como aliados inflexíveis, estabelecendo uma parceria de longa data para reverter o domínio global dos Estados Unidos. No entanto, o líder chinês pode não estar seguro da amizade “sem limites” com Putin por entre rumores de que o presidente russo está a sofrer de uma doença grave ou pode ser deposto num golpe.

Anders Aslund, economista e membro sénior do Atlantic Council, sublinhou que Xi pode estar a criar laços mais estreitos com o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, como um possível sucessor no Kremlin. De acordo com o analista, na cimeira de abril em que o presidente chinês visitou Putin em Moscovo, realizou uma rara reunião individual com Mistushin.

Em maio, o primeiro-ministro da China, Li Qiang, convidou Mishustin para ir à China, onde foi recebido no Grande Salão do Povo, “mais uma vez completamente além dos limites comuns do protocolo chinês e russo”. “Por que Mishustin foi convidado e não Putin? Isso não pode ter agradado ao líder russo”, referiu o analista.

Como prova do descontentamento de Putin, a ausência de Mishustin nas reuniões subsequentes do Conselho de Segurança da Rússia, das quais o primeiro-ministro é membro permanente, é lapidar. “Essa ‘Kremlinologia’ antiquada é talvez a melhor evidência que temos de que a China pode estar a olhar além de Putin e a procurar cultivar relacionamentos alternativos na Rússia.”

Mistushin não é um nome que costuma surgir nas discussões sobre possíveis sucessores de Putin mas cultivou a reputação de um gestor eficiente. Segundo a publicação independente russa Meduza, ele “não desempenhou um papel” na implementação da guerra de Putin na Ucrânia e não a discute.

No mundo fechado da política russa e chinesa, onde informações confiáveis ​​sobre o pensamento dos seus líderes são raras, os analistas há muito contam com sinais sutis e fragmentos de informações para ler a dinâmica de poder subjacente – uma disciplina que ficou conhecida como ‘Kremlinologia’ durante a Guerra Fria.

Ali Wyne, analista do ‘Eurasia Group’ em Washington DC, garantiu ao ‘Insider’ que, dados os rumores sobre a saúde de Putin, assim como aos seus possíveis desafios ao poder, faz sentido que a China se envolva em “planos de contingência”. “Os Governos envolvem-se regularmente em planos de contingência; essa atividade não indica necessariamente preferências estratégicas”, disse. “Dados os rumores contínuos sobre a saúde de Putin e as especulações de que uma derrota ucraniana da Rússia poderia minar o seu Governo, muitos países – incluindo os Estados Unidos e a China – provavelmente estão a visualizar vários futuros pós-Putin.”

Ler Mais