Cessar-fogo na Ucrânia está mesmo à vista? Tudo o que já se sabe sobre exigências, dúvidas e a situação na frente de guerra

O presidente dos Estados Unidos afirmou esta semana que a reunião entre o seu enviado especial, Steve Witkoff, e o presidente russo em Moscovo resultou em “grandes progressos”, embora não tenham sido divulgados detalhes concretos.

Pedro Gonçalves
Agosto 7, 2025
15:54

Com o prazo imposto por Donald Trump a Vladimir Putin a aproximar-se, cresce a especulação sobre um possível cessar-fogo na Ucrânia. O presidente dos Estados Unidos afirmou esta semana que a reunião entre o seu enviado especial, Steve Witkoff, e o presidente russo em Moscovo resultou em “grandes progressos”, embora não tenham sido divulgados detalhes concretos.

Entretanto, o Kremlin confirmou que está a ser preparado um encontro entre Trump e Putin para os próximos dias. O local do encontro poderá ser nos Emirados Árabes Unidos, segundo referiu Putin numa declaração citada pela agência russa Interfax.

O debate em torno de uma possível trégua intensificou-se esta semana, à medida que se aproxima o prazo de 8 de agosto estabelecido por Trump para que a Rússia aceite um acordo de paz com a Ucrânia. Caso contrário, serão impostas sanções económicas adicionais.

A Índia já foi visada por Washington, com a imposição de tarifas de 50% sobre importações, uma penalização pelo seu papel como segundo maior comprador de petróleo russo. Esta medida é vista como forma de cortar o financiamento à ofensiva militar de Moscovo.

Apesar das conversações diplomáticas, os combates prosseguem em várias frentes. De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra, as forças russas avançaram recentemente para os arredores de Kupiansk, no nordeste da Ucrânia. A cidade foi inicialmente ocupada pela Rússia em fevereiro de 2022, mas recuperada por Kiev na contraofensiva posterior.

Na semana passada, Vladimir Putin anunciou que as suas tropas tinham tomado Chasiv Yar, após mais de um ano de combates intensos. No entanto, este avanço foi desmentido pelas autoridades ucranianas, que negam ter perdido o controlo da cidade.

Imagens divulgadas pelo Ministério da Defesa russo mostram um soldado a içar a bandeira da Rússia entre edifícios destruídos em Chasiv Yar. A veracidade da localização, contudo, não foi confirmada por fontes independentes.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, manteve uma conversa telefónica com Trump após o encontro deste com Putin. Na chamada, que contou com a participação de aliados europeus, Zelensky manifestou alguma esperança, afirmando que a Rússia estaria “mais inclinada” para uma trégua, mas alertou para a ausência de propostas concretas.

“Os nossos objectivos são claros”, declarou Zelensky nas redes sociais. “O primeiro é parar as mortes — e é a Rússia quem deve aceitar um cessar-fogo. O segundo é criar um formato de cimeira que permita trabalhar por uma paz verdadeiramente duradoura. O terceiro é garantir segurança a longo prazo, o que só será possível com os Estados Unidos e a Europa ao nosso lado.”

Zelensky sublinhou ainda que “a procura de soluções reais só pode ser eficaz ao mais alto nível de liderança”, defendendo a realização de um encontro entre líderes, incluindo Trump e Putin, com a presença da Ucrânia.

Apesar das movimentações diplomáticas, permanece a incerteza quanto às reais intenções do Kremlin. O antigo embaixador britânico na Ucrânia, Simon Smith, afirmou à Sky News que Putin “está a jogar a longo prazo” e acredita que o tempo joga a seu favor.

“Ele está convencido de que basta continuar a desgastar e esperar que o apoio à Ucrânia enfraqueça e desapareça, e assim sairá vitorioso”, disse Smith. “É possível que se chegue a um acordo, mas será provavelmente um cessar-fogo de curta duração ou algo limitado, como a suspensão de certos tipos de ações militares.”

Para já, o encontro entre Trump e Putin ainda não tem data confirmada. O mundo aguarda para ver se a pressão económica dos EUA, aliada à diplomacia de bastidores, será suficiente para colocar fim a mais de três anos de guerra total na Ucrânia.

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