Caso Sánchez se demita, Costa arrisca ficar sem lugar em Bruxelas. Espanhol apontado ao Conselho Europeu ou à ONU
A surpreendente declaração de Pedro Sánchez, na quarta-feira, sobre uma possível renúncia ao cargo de primeiro-ministro de Espanha, devido a um processo que envolve a sua mulher numa investigação judicial de alegados crimes de tráfico de influências, levantou especulações sobre a hipótese de assumir um cargo de destaque em Bruxelas e de poder ‘roubar’ o lugar a António Costa.
Isto porque Bruxelas prepara-se para distribuir os cargos mais importantes da União Europeia após as eleições para o Parlamento Europeu (PE), em junho, e os socialistas, segundo maior grupo no PE, estão de olho no cargo de destaque no Conselho Europeu, atualmente ocupado pelo belga Charles Michel, e que tem António Costa como um dos sucessores possíveis apontados.
Sánchez é bem visto em Bruxelas, mas permanecem dúvidas se possui o perfil adequado para o cargo de presidente do Conselho Europeu, segundo adianta o Politico. Além disso, o seu apoio à criação de um Estado palestiniano pode ser visto como uma desvantagem, gerando incertezas sobre o apoio de países da UE com laços estreitos com Israel.
Enquanto Sánchez considera a sua possível renúncia, também há questões sobre quem poderá assumir o cargo no Conselho Europeu, para além de António Costa. O ex-Primeiro-ministro português, segundo o mesmo jornal, é olhado com alguma desconfiança por alguns diplomatas europeus, por ainda estar sob investigação por alegadas ligações com um esquema de tráfico de influências, no âmbito da Operação Influencer.
Outros candidatos ao cargo também levantam questões, como a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen, que é criticada pelas suas políticas controversas de imigração, o que causa desconforto entre outros líderes socialistas.
Recorde-se que Pedro Sánchez irá anunciar a sua decisão de continuar ou não como primeiro-ministro de Espanha na próxima segunda-feira.