“Capitalismo sardinha”: Como é que a imprensa internacional vê o impacto da crise política na economia portuguesa?

Na última década, a economia portuguesa cresceu a um ritmo razoável, o desemprego caiu para os níveis mais baixos das últimas décadas, as finanças públicas encontraram o equilíbrio, permitindo que a dívida pública caísse mais de 30 pontos em dois anos.

Uma análise feita pelo espanhol ‘elEconomista’ mostra que os números positivos da economia portuguesa são o resultado de esforços passados, do rigor orçamental e das políticas pró-crescimento do presente e da estabilidade política, apesar de recentemente o país estar a atravessar uma crise que levou à demissão do Primeiro-Ministro, António Costa.

Este acontecimento pode impactar seriamente a economia portuguesa, de acordo com a mesma fonte: “O capitalismo sardinha enfrenta o desconhecido, que começou a pesar nas previsões de Bruxelas”.

Já a norte-americana Foreign Policy escreve que “como 34ª maior economia do mundo, conhecida principalmente pela sardinha, pelo futebol e pelo Vinho do Porto, Portugal conseguiu desafiar os estereótipos sobre as nações do sul da Europa (supostamente preguiçosas e imprudentes) e países governados por socialistas (ineficientes e não competitivo) para combinar crescimento, coesão social e qualidade de vida”.

Na ‘Bloomberg, o colunista Lionel Laurent escreveu que “a sardinha está a entrar em águas turbulentas”, e que a demissão de Costa teve algum impacto nas obrigações portuguesas a 10 anos. A estabilidade política do passado que alavancou a economia portuguesa, deixa agora descalços os pés do país.

Os dados mostram que, se a situação atual se mantiver, o rácio dívida/PIB de Portugal cairá para cerca de 88% em 2028, o seu nível mais baixo desde 2009. Além disso, esta queda representará uma redução de 26 pontos percentuais em relação a 2022.

“O limbo político e a luta contra a corrupção não são um bom presságio para atrair mais” investimento estrangeiro, diz Lionel Laurent, sublinhando que o investimento estrangeiro em Portugal cresceu na última década e representa 71% do PIB, segundo a OCDE.

Para além disso, o especialista analisa as possíveis mudanças no cenário político e o seu impacto na economia portuguesa: “Podemos ver uma ascensão do jovem partido de extrema-direita Chega, que promete mudanças imprevisíveis se tiver a possibilidade de uma coligação”.

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