Café está tão caro que dispararam os roubos. Agricultores acordam de madrugada para afastar ladrões
O roubo de café no Uganda está a atingir níveis sem precedentes, com os agricultores a recorrerem a medidas de segurança rigorosas para proteger as suas plantações. O agricultor Charles Waliggo, por exemplo, acorda todas as noites para patrulhar o seu lote, enquanto outros são incentivados a usar cães e até abelhas para afastar os ladrões.
Estas ações tornam-se essenciais à medida que o preço do café sobe drasticamente, impulsionado pela forte procura e pela seca no Vietname, um dos maiores produtores mundiais, conta a ‘Bloomberg’.
De acordo com as associações agrícolas CECOFA e UCFA, o roubo de café, principalmente da variedade robusta, tem sido uma preocupação crescente no país, o quinto maior exportador de café do mundo. Este ano, os preços globais do robusta atingiram o seu pico mais elevado desde os anos 70, aumentando a atratividade do café para criminosos. No Uganda, o preço do robusta sem casca, conhecido como Kiboko, subiu cerca de 65% desde o início do ano, chegando a um recorde de 7.000 xelins (1,71 euros) por quilo.
As consequências dos roubos são profundas: os agricultores não só perdem os seus rendimentos, mas também veem a produtividade das suas plantações ameaçada, uma vez que os ladrões destroem árvores ao roubar os grãos. Para agravar a situação, muitos dos pequenos agricultores, que vivem perto da linha da pobreza, não têm meios financeiros para investir em medidas de segurança adequadas, como cercas ou guardas de segurança.
Em resposta, algumas comunidades agrícolas estão a tomar medidas preventivas, como a proibição de crianças venderem grãos para evitar que os produtos roubados entrem na cadeia de abastecimento. A situação é especialmente preocupante numa altura em que o governo ugandense procura aumentar a produção nacional para 20 milhões de sacos até 2030. Contudo, este objetivo poderá estar em risco, caso o aumento dos roubos não seja travado.