Cabaz de compras: Mais de 40% dos produtos com preços ainda a subir, apesar de inflação abrandar há 9 meses
Apesar de a inflação estar a abrandar em Portugal há nove meses, nem todos os produtos de um determinado cabaz de compras analisado pelo Instituto nacional de Estatística (INE) acompanham a mesma tendência.
Segundo dados fornecidos pelo INE ao Jornal de Negócios, 40,5% do conjunto de produtos do cabaz analisado, em julho, registou uma aceleração na subida dos preços. Essa parte de produtos que aumentaram, subiu face ao mês anterior, indicando que o processo de desinflação poderá estender-se mais.
Em junho, 32,8% dos produtos do cabaz apresentavam uma variação homóloga no índice de preços no consumidor (IPC) superior à do mês anterior. Por outro lado, desceu o peso dos produtos com variação homóloga abaixo da do mês anterior em julho, de 52,5% para 46,5%.
A subida pode ser explicada por uma aceleração nos preços da energia. O índice de preços relativo aos produtos energéticos estava em descida e, desde março, em terreno negativo, mas em julho registou-se já uma subida, de -18,8%, para 14,9%, explicada por aumento dos preços da eletricidade e combustíveis.
Olhando apenas a alimentos, os que mais contribuíram para a variação homóloga do IPC de julho, de 3,1%, foram os óleos, gorduras, açúcar e mel. Noutras categorias como tabaco, grandes aparelhos domésticos e equipamento e material de fotografia também se regista tendência de subida dos preços.
Outra parcela do IPA que nos últimos meses tem contribuído para a inflação, segundo a análise, tem sido os Serviços. Neste aspeto, o efeito, em especial em restaurantes e turismo, reflete-se na inflação subjacente. Em julho, a “inflação crítica” atingiu 7,5%. Ainda que os preços em restaurantes e hotéis tenham desacelerado, outros no mesmo setor dos serviços dispararam, como férias organizadas, recolha de lixo, serviços culturais, seguros de habitação e saúde.
Segundo o INE, um quinto dos produtos do cabaz está com o preço mais baixo, 21,1% do cabaz estava com o índice de preços em terreno negativo em junho e, no mês seguinte, esse valor subiu para 22,9%. ou seja, os produtos que estão mais baratos face a 2022 representam atualmente 22,9% do cabaz.
Para além da energia, óleos e gorduras, jogos, brinquedos, e algumas categorias de roupa e equipamento de desporto e lazer estão mais baratos face ao mesmo período do ano passado, assinala o INE.