Bruxelas pede limite de 30 dias para pagamentos a empresas, mas estas pagam e recebem cada vez mais tarde
A Comissão Europeia propôs um limite máximo de 30 dias para pagamentos às empresas e apresentou um conjunto de iniciativas que visam dar resposta às necessidades das Pequenas e Médias Empresas (PME). No entanto, um estudo mostra que estas empresas pagam e recebem cada vez mais tarde.
O Regulamento proposto sobre o combate a pagamentos em atraso em transações comerciais pretende acabar com “uma prática injusta que compromete o fluxo de caixa das PME e prejudica a competitividade e resiliência das cadeias de abastecimento”.
No entanto, de acordo com o estudo da Intrum, EPR – European Payment Report 2023, verifica-se um aumento na proporção de empresas portuguesas que afirma estar a pagar aos seus fornecedores mais tarde do que aceitaria dos seus próprios clientes – aumentando de 23% para 34% em apenas um ano.
E as empresas portuguesas são mais propensas que a média europeia a considerar que os atrasos dos pagamentos dos clientes afetam os seus negócios em quase todas as áreas. 36% dos inquiridos afirmam que os atrasos nos pagamentos impedem o crescimento da empresa, em comparação com 30% (média europeia).
No entanto, apenas 45% das empresas portuguesas dizem que estão a tomar medidas para garantir que pagam aos seus fornecedores a tempo, em comparação com 56% de média europeia.
Os dados mostram ainda que se registou um aumento no setor público, que passou os pagamentos de 53 dias para 70 dias em 2023
Mais de metade (53%) dos inquiridos portugueses reconheceu já ter aceitado prazos de pagamento mais longos do que considera razoável para não prejudicar a sua relação com os clientes, embora esta atitude seja mais comum nas grandes empresas (63%) do que nas PME (49%).
“Podemos verificar que 64% dos portugueses inquiridos considera que as grandes empresas têm a responsabilidade perante a sociedade de garantir que efetuam os seus pagamentos às empresas mais pequenas dentro do prazo. Esta é uma questão que preocupa tanto as PME como as grandes empresas, com percentagens de 66% e 58% respetivamente, a concordarem com esta afirmação”, afirma Luis Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal.