Bruxelas anuncia hoje novas medidas contra tarifas de Trump

A Comissão Europeia vai anunciar esta quinta-feira os próximos passos preparatórios em resposta às tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, caso as negociações em curso entre Bruxelas e Washington não conduzam a um entendimento. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo comissário europeu do Comércio, Maroš Šefčovič, durante uma conferência de imprensa em Singapura, após a assinatura de um acordo de comércio digital com o país do Sudeste Asiático.

“Amanhã anunciaremos os próximos passos preparatórios, tanto na área de possíveis medidas de reequilíbrio como também noutros domínios relevantes para as discussões futuras”, afirmou Šefčovič, sublinhando que a prioridade da União Europeia (UE) continua a ser a via negocial. “Gostaria de deixar muito claro que as negociações estão em primeiro lugar, mas não a qualquer custo”, acrescentou.

As novas medidas em preparação serão a resposta da UE às tarifas aduaneiras norte-americanas que incidem sobre a importação de automóveis, aço, alumínio e a maioria dos restantes bens provenientes dos 27 Estados-membros. Em abril, Bruxelas já tinha aprovado um conjunto de tarifas retaliatórias, com taxas de 25% sobre produtos norte-americanos avaliados em 21 mil milhões de euros, incluindo milho, trigo, motociclos e vestuário.

Estas tarifas, no entanto, foram suspensas até julho, após o presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado uma pausa de 90 dias na aplicação das tarifas recíprocas. A trégua temporária termina a 8 de julho, e caso as negociações falhem até essa data, a UE poderá ativar imediatamente os direitos aduaneiros aprovados.

Atualmente, os produtos europeus enfrentam tarifas de importação nos EUA de 25% sobre aço, alumínio e automóveis. Para quase todos os restantes bens, aplica-se uma tarifa recíproca de 10%, mas essa taxa poderá subir para 20% após o fim da suspensão, caso não haja acordo entre as partes.

Šefčovič já tinha alertado anteriormente que estas tarifas afetam cerca de 70% das exportações da UE para os EUA. Este número poderá aumentar para 97% se Washington avançar com novas investigações comerciais sobre produtos farmacêuticos, semicondutores e outros bens sensíveis.

O executivo europeu garantiu que continuará a trabalhar em estreita colaboração com os Estados-membros e com os setores industriais afetados para se preparar para qualquer cenário. A possibilidade de novas medidas de reequilíbrio e a continuidade das negociações estarão no centro do anúncio previsto para esta quinta-feira, numa altura em que as relações comerciais transatlânticas voltam a enfrentar fortes tensões.