
Brigada portuguesa pronta para integrar força de reação rápida da UE na Ucrânia
Portugal vai integrar a força de reação rápida da União Europeia (UE), composta por 1500 militares, que estará operacional a partir do segundo semestre e durante um ano. A brigada, cujo comando é português, está atualmente em fase de certificação no Campo Militar de Santa Margarida e poderá ser mobilizada para missões de estabilização e manutenção da paz, incluindo um eventual destacamento para a Ucrânia caso se alcance um acordo de paz, avançou o chefe do Estado-Maior do Exército, general Mendes Ferrão, citado pelo Correio da Manhã.
“A esperança que temos é que o conflito na Ucrânia baixe de intensidade, e também é uma possibilidade que a UE possa avaliar o emprego desta força”, afirmou o general Mendes Ferrão, sublinhando que a brigada não é uma unidade de combate, mas sim uma força destinada a responder a crises internacionais e a missões humanitárias.
A força europeia será composta por 1100 militares portugueses, contando ainda com contingentes de Espanha, França, Itália e Roménia. Portugal reforça assim o seu papel como “um contribuinte forte e ativo na construção do pilar europeu de segurança e defesa”, frisou o general Mendes Ferrão. A preparação desta força surge numa altura em que até o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu publicamente a possibilidade do envio de tropas europeias para a Ucrânia, afirmando ter abertura do Presidente russo, Vladimir Putin, para essa solução.
Prioridades na modernização das Forças Armadas
A certificação da brigada portuguesa ocorre num momento em que o Exército está empenhado no reforço da sua capacidade operacional. “Queremos treinar, testar, experimentar, aprender e, sobretudo, neste processo de reequipar as Forças Armadas, adquirir mais conhecimento”, destacou o general Mendes Ferrão.
Entre as áreas prioritárias para modernização, o chefe do Estado-Maior do Exército identificou a artilharia antiaérea, a guerra eletrónica, a aquisição de informação e os sistemas de fogos, incluindo artilharia, morteiros e drones de sacrifício. Estes investimentos visam não só garantir a eficácia da brigada de reação rápida da UE, mas também fortalecer a capacidade das Forças Armadas Portuguesas para futuras missões de combate, caso necessário.
Marcelo Rebelo de Sousa: “Ainda é cedo” para decidir envio de tropas
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta terça-feira que “ainda é cedo para se colocar a questão” do envio de tropas portuguesas para a Ucrânia. O chefe de Estado sublinhou que qualquer decisão sobre esse tema terá de passar pelo Conselho Superior de Defesa Nacional, que está agendado para reunir no dia 17 de março.
“Temos de perceber se a NATO é para levar a sério ou não”, declarou Marcelo, deixando no ar dúvidas sobre o posicionamento da Aliança Atlântica face à situação no leste da Europa.
O ministro da Defesa, Nuno Melo, também se pronunciou sobre a possibilidade de um destacamento europeu na Ucrânia, mas salientou que qualquer decisão nesse sentido só será tomada após a concretização de um plano de paz.
Apesar da mobilização para a força europeia, o general Mendes Ferrão garantiu que este compromisso não afetará a participação de Portugal nas missões da NATO. “Assumimos os nossos compromissos com realismo”, afirmou, assegurando que a preparação das Forças Armadas para operações de combate de alta intensidade continuará a ser uma prioridade.