Branqueamento de capitais dispara com ‘empresas na hora’ a dar empurrão à corrupção
O branqueamento de capitais tem aumentado todos os anos em Portugal. Em 2020, deram entrada 375 inquéritos, em 2021 foram 554 inquéritos e, em 2022 foram 680. No primeiro semestre de 2023, o número de inquéritos já vai em 498.
Em entrevista à ‘CNN Portugal’, dois responsáveis da Polícia Judiciária explicam que empresas na hora “ajudam” os criminosos, faciltando o branqueamento de capitais. Explicam que este branqueamento passa por três fases: colocação, circulação e integração, sendo que quando se chega à última fase, já não se percebe bem de onde é que veio o dinheiro.
A passagem do dinheiro por muitos países, aproveitando as lacunas de outros regimes, e por muitas empresas, faz com que seja muito difícil identificar a sua origem, facilitando assim este crime.
“Se passar por um país onde é fácil abrir uma empresa, associar a empresa a uma conta e por aí fora, isso facilita”, diz à ‘CNN Portugal’ Pedro Vicente, Coordenador de Investigação Criminal da Secção Central de Investigação do Branqueamento e Infrações Tributárias (SCIBIT) da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC).
Esta “viagem” do dinheiro e a sua passagem por várias jurisdições dificulta o trabalho das autoridades e exige pedidos de cooperação judicial internacional.
Para além do aumento do número de processos de branqueamento de capitais, também os valores têm subido ao longo dos anos, sendo que em 2020 apreenderam 2,5 milhões de euros, em 2021 apenas 2 milhões, mas escalaram para 11,35 milhões em 2022 e os números já vão em 18,5 milhões em 2023.