Bombeiros Sapadores de todo o País realizam hoje manifestação em Lisboa. Há novo protesto marcado para dia 10
Esta quarta-feira, os bombeiros sapadores de todo o país realizam uma manifestação nacional em Lisboa para exigir o aumento do subsídio de risco, atualmente fixado em apenas 7,03 euros mensais, bem como outras reivindicações que têm vindo a ser ignoradas pelo Governo. Esta manifestação ocorre na sequência da greve que teve início recentemente e que conta com uma adesão muito elevada por parte dos profissionais.
O Ministério da Administração Interna (MAI) assegura que está a preparar uma proposta de alteração ao Estatuto Profissional dos Bombeiros Sapadores, de forma a responder às expectativas do setor. No entanto, os sindicatos e os bombeiros consideram que estas promessas não têm sido acompanhadas de ações concretas.
A greve dos Bombeiros Sapadores de Lisboa teve início às 00h00 de terça-feira, 1 de outubro, e a adesão tem sido massiva. Segundo Nuno Almeida, dirigente sindical do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), a participação no turno da noite, entre as 00h00 e as 8h00, ultrapassou os 95%, estando a ser cumpridos os serviços mínimos: “Fazem serviços sempre que há vidas humanas em risco,” afirmou Nuno Almeida à agência Lusa por volta das 10h00 da manhã.
A manifestação de hoje foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) como resposta à “indiferença” e “resposta inaceitável” por parte do Governo perante os problemas graves que afetam o setor. Ricardo Cunha, presidente do SNBS, explicou que o objetivo da manifestação é “mostrar que os bombeiros sapadores não estão contentes com o Governo, que faltou à palavra”. Segundo Cunha, os secretários de Estado da Proteção Civil e da Administração Local tinham-se comprometido a reunir com os representantes do sindicato até junho deste ano, mas tal encontro nunca chegou a acontecer.
Um dos principais pontos em causa é a reivindicação de um aumento salarial, que já tinha sido prometido pelo anterior Governo socialista. Ricardo Cunha sublinha que os bombeiros sapadores exigem um aumento salarial que compense a subida da inflação, semelhante ao que foi concedido aos polícias em 2023, que foi de cerca de 100 euros.
“Diálogo ignorado” e luta pela dignidade da profissão
Em comunicado, o SNBS relembrou que desde o início do processo tentou “o diálogo e a procura de soluções” com o Governo, mas que a “atitude da tutela”, ao ignorar os apelos, revelou “não só desinteresse, mas também a intenção de prolongar os problemas, demonstrando uma total falta de respeito e consideração por este corpo especial da função pública”. O sindicato acusa o executivo liderado por Luís Montenegro de não deixar outra alternativa senão a “luta aberta” para exigir, nas ruas, as condições de trabalho e a dignidade de carreira devida aos bombeiros sapadores.
No país, existem cerca de 3.000 bombeiros sapadores distribuídos por 25 municípios, que se veem confrontados com uma situação salarial e de carreira que consideram injusta e desvalorizada.
A greve iniciada pelos Bombeiros Sapadores de Lisboa prolongar-se-á até 31 de outubro e visa a revisão do Estatuto de Pessoal dos Bombeiros Profissionais da Administração Local, nomeadamente a revisão da tabela remuneratória. Inicialmente, a greve estava planeada para decorrer de 1 a 13 de outubro, mas, após uma reunião realizada na última sexta-feira, em que não foi apresentada qualquer proposta por parte dos secretários de Estado da Proteção Civil e Administração Local, os bombeiros decidiram estender a paralisação até ao final do mês.
António Pascoal, dirigente do STML, explicou à Lusa que uma das principais reivindicações é a revisão da tabela remuneratória, que garanta que a remuneração base não seja inferior à Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG) e permita uma justa progressão e promoção na carreira. Atualmente, o ordenado base de um bombeiro sapador em início de carreira é de 722 euros, um valor que, segundo Pascoal, “é inferior ao salário mínimo nacional”.
Além disso, os bombeiros sapadores exigem a correção da atual tabela remuneratória em mais de 52 euros, a atribuição de um suplemento de risco e a atualização do Suplemento de Disponibilidade Permanente. Outras reivindicações incluem o reconhecimento da profissão como uma de desgaste rápido, a revisão do regime de aposentação e a criação de um sistema de avaliação específico, ajustado à natureza da atividade.
Próximos passos na luta dos bombeiros sapadores
Os Bombeiros Sapadores de Lisboa também participarão numa manifestação nacional convocada pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e pelo Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP) agendada para 10 de outubro. Esta data coincide com o dia da entrega do Orçamento do Estado na Assembleia da República e a manifestação incluirá uma marcha de bombeiros profissionais entre o Ministério da Administração Interna (MAI) e o Parlamento.
*Com Lusa