Biden arrisca-se a ser o novo “padrinho” da Bitcoin e a atacar o dólar. Já Roubini volta a “espancar a criptoqueen”
A Bitcoin conseguiu esta quinta-feira bater nos 40 mil dólares, uma proeza que fez tocar o sino em Nova Iorque e deixar os investidores a respirarem um pouco de alívio. Curiosamente, e como observa o ‘Wall Street Journal’, esta subida deu-se ontem, às 12h02 de Lisboa, minutos depois do ‘New York Times’ noticiar que Joe Biden iria anunciar o seu novo plano de 4,92 biliões de euros já hoje.
O jornal norte-americano fez ainda saber que a Casa Branca vai gastar um total de 6,7 biliões de euros até 2031. Em troca os EUA vão entrar num novo cenário de défice orçamental, que ainda que mitigado por novos impostos que serão aplicados ao 1% mais rico da américa, só será dissipado, se tudo correr bem, em 2030, segundo as contas da redação de finanças públicas da Bloomberg.
O défice federal dos EUA passou dos 3,94 biliões de euros, registados em março de 2020, para os 6,96 biliões de euros em abril de 2020.
Para os investidores mais atentos este é um “déjà-vu” do que aconteceu a partir do segundo trimestre de 2020: a partir deste mês para além do aumento da dívida pública, a Bitcoin aumentou 1.582% , recuperando da queda de 24% só no mês de março, por sua vez o DXY, o índice que controla a força do dólar americano contra as moedas estrangeiras, desceu 13,38%.
Como lembra a ‘Criptonews’, “os gastos de Biden podem bem ser o elevador” da rainha das moedas digitais.
Do outro lado da margem, e perante o “enxugar das lágrimas” dos criptoinvestidores, o famoso economista Nouriel Roubini, conhecido por ter previsto a crise de 2008, tendo por sido por isso apelidado de “Doutor Catástrofe” , voltou a atacar a Bitcoin, numa entrevista concedida ao boletim da Goldman Sachs.
Questionado se as criptomoedas eram uma “bolha especulativa”, Roubini não poupou nas palavras: “ para já chamar estes ativos de moedas é um erro. As moedas devem ter três funções: devem ser uma unidade de conta, um meio de pagamento e uma reserva de valor valor e a Bitcoin (assim como as restantes criptomoedas) não têm nenhuma destas características.
A rede Bitcoin só consegue completar sete transações por segundo, em comparação com o Visa, que pode realizar 65.000. Não é uma reserva de valor estável para bens e serviços; mesmo as conferências de criptomoedas em que participei não aceitam a Bitcoin como meio de pagamento, porque a volatilidade dos preços pode acabar com a margem de lucro overnight”, explica o Doutor Catástrofe.
“As critptomoedas são muito procíclicas”. “Durante o início da pandemia, as ações dos EUA caíram cerca de 35%, mas a bitcoin sofre uma queda ainda maior de cerca de 50%. O futuro da tecnologia financeira não está nas moedas digitais mas numa reformulação do big data”, rematou Roubini.