BCE reúne-se hoje. “Taxa de juro diretora mantém-se baixa até 2023”, defende especialista

O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu reúne-se hoje para aclarar o futuro da política monetária da zona euro.

Este encontro ocorre nove dias depois, do Eurostat ter avançado com as estimativas rápidas da Inflação, para a Zona Euro.

A taxa de inflação anual da zona euro acelerou, em agosto, para os 3,0%, face aos 2,2% de julho e aos -0,2% do mesmo mês de 2020.

De acordo com a estimativa do serviço de estatística da União Europeia, entre as principais componentes da inflação da zona euro, a energia deverá ter a taxa anual mais elevada em agosto (15,4%, contra 14,3% em julho), seguida dos bens industriais excluindo energia (2,7%, contra 0,7% em julho), alimentação, álcool e tabaco (2,0%, contra 1,6% em julho) e serviços (1,1%, contra 0,9% em julho).

Este é o terceiro mês consecutivo em que se regista uma subida da taxa de inflação anual na zona euro. Esta pode ser a leitura mais alta da inflação, desde há dez anos.

Taxas de juro vão subir? É pouco provável

Como explica a consultora Sixty Degrees, “por um lado, poderemos estar perante um episódio de inflação transitória, ideia que tem sido defendida pelo Banco Central Europeu e pela Reserva Federal Norte Americana, caracterizado pela subida expressiva do nível geral de preços num curto espaço de tempo, mas cujas causas se irão atenuar rapidamente”.

A consultora esclarece ainda que “o aumento de preços baseia-se na disrupção das cadeias de produção e de logística, causada pela impossibilidade e/ou redução da produção das mais variadas empresas durante os períodos de confinamento, e que posteriormente não conseguiram ter a desejada flexibilidade para fazer face à repentina aceleração da procura que foi “alimentada” pelo fim dos confinamentos, pelas políticas fiscais expansivas, como a redução do IVA, implementada na Alemanha e na Irlanda, para estimular o consumo, e pela injeção massiva de liquidez por parte dos Bancos Centrais, especialmente pela Reserva Federal”.

Assim, a Sixty Degrees acredita que “face a esta situação, é altamente improvável que os Bancos Centrais se precipitem na subida das taxas de juro diretoras que deverão assim permanecer baixas, com valores próximos de zero, até 2023”.

“No entanto, com base nos dados mais recentes e em claro contraste com a conjuntura dos últimos anos, a ideia de
inflação permanente, que perdure pelo menos por 2 a 3 anos, parece ganhar cada vez mais adeptos, como é o caso
do CEO do JP Morgan, Jamie Dimon”, adverte a consultora.

O Programa de Compra de Ativos vai abrandar

Há duas semanas, François Villeroy de Galhau, um dos membros mais influentes do Conselho de Governadores Banco Central Europeu (BCE) e líder do Banco Central francês, anunciou que o ritmo do Programa de Emergência de Compra de Ativos (PEPP) pode abrandar já em setembro deste ano, e não e março de 2022, como estava previsto inicialmente.

Villeroy de Galhau frisou, no entanto, que qualquer mudança efetuada sobre PEPP não será sinónimo de uma redução total do montante abrangido pelo programa – como poderá ser feito nos EUA pela mão da Reserva Federal, como anunciou na sexta-feira o presidente da Fed, Jerome Powell – mas sim “o abrandamento do valor semanal ou mensal de ativos adquiridos” pelo BCE.

“Quanto aos volumes mensais, estamos a estudar quais são as condições de financiamento mais favoráveis, e devemos enfatizar que neste momento [as condições de mercado] são mais favoráveis do que as contempladas na nossa reunião de junho”, explicou Villeroy à rádio BFM Business. “Temos que decidir os volumes mensais referentes ao quarto trimestre”, acrescentou o Governador.

 

 

 

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