Aviões russos e chineses entram em área restrita da Coreia do Sul: Seul ativa caças “de emergência”

Uma patrulha aérea conjunta entre os exércitos da China e da Rússia, realizada esta sexta-feira sobre o mar do Japão, culminou numa incursão não autorizada na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) da Coreia do Sul. Seul respondeu rapidamente ao incidente com um “desdobramento de emergência” de caças para monitorizar os aviões estrangeiros.

Esta operação conjunta é a nona deste tipo desde que os líderes chinês, Xi Jinping, e russo, Vladimir Putin, reforçaram uma parceria estratégica descrita como “sem limites”, anunciada em fevereiro de 2022, pouco antes da invasão russa da Ucrânia.

A novidade desta operação foi a entrada de seis caças russos e cinco chineses na ADIZ sul-coreana sem qualquer notificação prévia, uma zona utilizada por Seul para prevenir ameaças e onde é exigido que todas as aeronaves se identifiquem. Apesar de não ser uma violação do espaço aéreo soberano sul-coreano, o incidente é considerado uma provocação, dada a importância estratégica da área para a segurança do país.

Este tipo de operações não é inédito. Em julho passado, aviões chineses e russos realizaram patrulhas conjuntas com bombardeiros estratégicos capazes de transportar armas nucleares perto do Alasca, no Pacífico Norte e no Ártico, levando os Estados Unidos e o Canadá a enviar caças para monitorizar as manobras.

O contexto atual agrava a perceção de ameaça por parte de Seul. Recentemente, o governo sul-coreano indicou estar a avaliar a possibilidade de enviar armamento para a Ucrânia, em resposta ao envio de tropas norte-coreanas para a Rússia. Esta declaração provocou uma reação firme de Moscovo. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Andrey Rudenko, alertou que qualquer fornecimento de armas letais por parte da Coreia do Sul “destruiria completamente” as relações entre os dois países. “Seul deve perceber que o uso de armas sul-coreanas para matar cidadãos russos terá consequências irreversíveis”, afirmou.

No entanto, dentro da Coreia do Sul, há um debate intenso sobre a necessidade de rever a política tradicionalmente pacifista de não fornecer armamento a países em guerra. O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, reconheceu recentemente que o apoio militar à Ucrânia pode ser inevitável, dependendo do envolvimento das forças norte-coreanas no conflito. “Se o exército norte-coreano adquirir experiência em guerra moderna, isso pode ser fatal para a nossa segurança nacional”, declarou.

Seul, o nono maior exportador de armas do mundo, já enviou ajuda humanitária à Ucrânia e aderiu às sanções ocidentais contra Moscovo. Contudo, o envio de armamento letal representa um dilema estratégico: ao fazê-lo, a Coreia do Sul teme que a Rússia responda fortalecendo o apoio militar a Pyongyang, incluindo o fornecimento de armamento avançado para o programa de mísseis balísticos da Coreia do Norte, liderado por Kim Jong-un.

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