Até no Evereste há microplásticos

Cientistas encontraram microplásticos em amostras de neve do monte Evereste recolhidas a mais de 8.000 metros de altitude, indicam os resultados de um estudo conduzido pela universidade de Plymouth, Reino Unido, e hoje divulgado.

As amostras, recolhidas na montanha e num vale, revelaram quantidades substanciais de fibras de poliéster, acrílico, nylon e polipropileno, materiais muito utilizados em vestuário de exterior habitualmente usado pelos alpinistas, além de estarem presentes em tendas e cordas de escalada.

Os investigadores admitem que as fibras, algumas encontradas em amostras de neve recolhidas a 8.440 metros acima do nível do mar, podem ser fragmentos de artigos usados durante as expedições para alcançar o cume do Evereste, mas também dizem ser possível que os microplásticos tenham sido transportados de altitudes mais baixas pelos ventos fortes que normalmente se fazem sentir nas encostas da montanha.

A investigação foi publicada na revista científica One Earth e liderada por investigadores da Universidade de Plymouth, em conjunto com outros investigadores do Reino Unido, Estados Unidos e Nepal.

“Os microplásticos são gerados por uma série de fontes e muitos aspetos da nossa vida quotidiana podem levar à entrada de microplásticos no ambiente. Nos últimos anos, temos encontrado microplásticos em amostras recolhidas em todo o planeta – desde o Ártico até aos nossos rios e mares profundos. Com isso em mente, encontrar microplásticos perto do cume do Monte Evereste é um alerta oportuno de que precisamos de fazer mais para proteger o nosso ambiente”, disse Imogen Napper, autora principal da investigação, citada no artigo da One Earth que dá conta do estudo.

As amostras foram recolhidas em abril e maio do ano passado, a maior parte na neve, mas também algumas em água de ribeiros. As maiores quantidades de microplásticos foram encontradas nas amostras recolhidas no Campo Base, de onde as expedições partem para o cume, mas também foram encontrados microplásticos na zona de escalada. Os cursos de água continham menos vestígios.

Os microplásticos são comuns nos oceanos, sobre os quais tem havido muita investigação, mas os estudos sobre microplásticos em montanhas são menos comuns.

“Não sabia o que esperar em termos de resultados, mas surpreendeu-me realmente encontrar microplásticos em todas as amostras de neve que analisei. O Monte Evereste é um lugar que sempre considerei remoto e primitivo. Saber que estamos a poluir perto do topo da montanha mais alta é um verdadeiro alerta”, disse Imogen Napper.

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