
Até 14 semanas de descanso: Estes são os países da Europa com as férias escolares mais longas
O presidente francês, Emmanuel Macron, reacendeu o debate sobre a duração das férias escolares em França ao afirmar que o país tem um dos períodos de descanso mais longos da Europa. Durante uma visita para assinalar os 80 anos da libertação de Colmar, no departamento francês de Haut-Rhin, Macron sugeriu que a reorganização das férias, especialmente as de verão, poderia ajudar a aliviar a pressão sobre as escolas e a melhorar a aprendizagem dos alunos.
“França tem férias mais longas do que muitos outros países”, afirmou o presidente em resposta à pergunta de uma criança. “A questão que podemos colocar para os nossos filhos é: não deveríamos rever um pouco as férias para que possamos relaxar as semanas e aprender melhor?” Macron acrescentou ainda que “há muitos países que só entram de férias depois de 14 de julho” e sublinhou que os alunos sem grande apoio familiar são os mais prejudicados pelo longo período sem aulas. “É algo que vamos debater, mas que precisa de ser discutido com mais profundidade”, concluiu.
No entanto, os dados da rede Eurydice, financiada pela Comissão Europeia, indicam que França não está entre os países europeus com as férias de verão mais extensas. No ano letivo de 2024-2025, os alunos franceses terão oito semanas de pausa a partir de 7 de julho, um período que fica aquém do registado em pelo menos 32 outros países ou regiões da Europa. A comparação das férias máximas disponíveis para determinados grupos de estudantes revela que, por exemplo, na Bélgica, os alunos das comunidades flamenga e germanófona têm 8,9 semanas de pausa, enquanto os da comunidade francófona usufruem de sete semanas. Já na Irlanda, os estudantes do ensino primário têm nove semanas de férias de verão, enquanto os do ensino secundário chegam a 13.
Os países europeus com os períodos de descanso mais longos incluem a Bulgária, onde os alunos do ensino primário podem ter entre 13 e 15 semanas de férias; Itália, com um intervalo entre 11 e 14 semanas; e a Islândia, onde os estudantes do ensino secundário superior podem gozar mais de 13 semanas de pausa. Em contrapartida, na Alemanha, os períodos de férias rondam pouco mais de seis semanas, enquanto nos Países Baixos e no Liechtenstein são de seis semanas e, na Dinamarca, não ultrapassam cinco.
Se o foco for o total de férias ao longo do ano letivo, e não apenas o período de verão, França surge de facto entre os países com mais pausas, posicionando-se atrás de Malta e dos países bálticos.
Macron defende que uma redução das férias de verão poderia contribuir para a melhoria do sistema educativo francês, mas os dados do mais recente Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), conduzido pela OCDE, mostram que França está numa posição intermédia entre os sistemas educativos europeus. O tempo de pausa letiva no verão francês também se situa próximo da média europeia.
Os sistemas educativos com melhor desempenho na Europa, segundo o PISA, pertencem à Estónia, Suíça e Países Baixos. Curiosamente, enquanto a Estónia está entre os países com as férias de verão mais longas, os Países Baixos figuram entre os que têm as mais curtas. Já na Suíça, o período de verão varia de cinco a mais de 10 semanas, dependendo da região, com algumas zonas a apresentarem um dos períodos de descanso mais curtos do continente e outras a aproximarem-se do grupo com férias mais extensas.
No extremo oposto do ranking do PISA encontram-se a Albânia, a Macedónia do Norte e o Montenegro, que registam algumas das pontuações mais baixas e, ao mesmo tempo, alguns dos períodos de férias mais longos. Na Albânia e em Montenegro, as férias de verão são de 11 semanas, enquanto na Macedónia do Norte atingem as 11,7 semanas.
Portugal, por sua vez, encontra-se entre os países com as férias de verão mais longas, com um máximo de 13,1 semanas no ano letivo de 2024-2025. No que respeita ao desempenho educativo, os alunos portugueses apresentam uma média de 472 pontos em Matemática, 477 em Leitura e 484 em Ciência, de acordo com os resultados do PISA.
A proposta de Macron tem gerado críticas por parte dos professores franceses, que acusam o presidente de tentar desviar atenções dos verdadeiros problemas que afetam as escolas, como a falta de docentes, os salários estagnados e as más condições de trabalho. Alguns docentes e sindicatos sugerem ainda que os sucessivos governos, ao abordar a questão das férias escolares, têm privilegiado os interesses do setor do turismo em detrimento das necessidades dos professores e dos alunos.