Ataque dos reguladores contra a Binance é uma bênção para outras plataformas de criptomoedas. Número de clientes da Bitstamp disparou 138%

A repressão perpetrada pelos reguladores em todo o mundo contra a plataforma de criptomoedas Binance tem sido uma bênção para outras exchanges, que após este acontecimento viram duplicar o número de utilizadores.

“Sem qualquer tipo de mudança no marketing, o número de clientes está a crescer de forma exponencial”, confessou Julian Sawyer, CEO da Bitstamp, uma plataforma com sede no Luxemburgo, em entrevista à CNBC.
Desde terça-feira, a Bitstamp viu o número de clientes disparar 138%. “Quando um banco não é seguro tiramos de lá o dinheiro e colocamos noutro, é o que também acontece com as plataformas de criptomoedas e é o que está a suceder neste caso”, explicou o CEO.

“A percentagem de novas adesões no Reino Unido duplicou nas últimas semanas, em comparação com outros mercados”, comentou a plataforma Kraken, sediada nos Estados Unidos, num comunicado enviado à CNBC.

“Temos observado um crescimento tremendo de utilizadores, um sinal de confiança numa empresa com luz verde do regulador”, defendeu Blair Halliday, responsável pela Gemini no Reino Unido, uma das poucas plataformas de criptomoedas com aprovação do regulador britânico.

 

A Coinbase, a maior plataforma de moedas digitais dos EUA, não quis comentar esta história, nem falar sobre os seus números.

O CEO da Binance, a maior plataforma de criptomoedas do mundo, reagiu às questões levantadas pela imprensa internacional sobre o facto de a plataforma ter congelado os depósitos bancários em euros, depois dos ataque perpetrados por alguns reguladores.

“A área do compliance é um mundo em descoberta sobretudo para setores como o nosso envolvidos no mercado cripto”, explicou Changpeng Zhao, num post no blog da empresa.

“O nosso setor ainda vive na incerteza. Crescemos muito em muito pouco tempo, mas entendemos que quanto maior a expansão (de uma empresa) maior deve ser a sua responsabilidade”, acrescentou o CEO.

“Como uma startup que está no mercado há apenas quatro anos, a Binance ainda tem muito espaço para crescer”, disse Zhao. “A empresa cresceu muito rapidamente e nem sempre tivemos tudo como devia ser, mas estamos a aprender e a melhorar de dia para dia”, defendeu o executivo.

Zhao reiterou ainda “o compromisso da Binance para com os reguladores e parceiros, de tal modo que estamos a contratar mais talentos para desenvolver processos que protejam os nossos utilizadores”.

 

Os utilizadores da exchange receberam ontem um email, onde foram informados que seriam suspensos os depósitos bancários em toda a SEPA (Single Euro Payments Area, ou seja um espaço geográfico onde particulares, empresas e administração pública podem efetuar e receber pagamentos em euros, em idênticas condições, direitos e obrigações, qualquer que seja a sua localização, dentro ou fora da UE), depois de vários reguladores terem lançado o “alerta vermelho”, devido ao facto de a exchange operar em vários países sem licença.

“Estamos a trabalhar com os nossos parceiros, para encontrar uma solução. Obrigado pela compreensão”, pode ler-se no email enviado aos utilizadores. A mensagem esclarece ainda que que todos os depósitos realizados neste contexto serão devolvidos “dentro de sete dias úteis”.

A mesmo email esclarece no entanto que os utilizadores “poderão continuar a comprar criptomoedas e realizar depósitos em euros na sua conta, através de cartões de débito ou crédito”, mas não aponta uma data para que a situação possa regressar à normalidade.

No fim de junho, a Financial Conduct Authority (FCA) do Reino Unido publicou um comunicado no seu próprio site, onde anunciou que tinha ordenado o encerramento de todas as atividades da Binance, a maior plataforma de criptomoedas do mundo. O regulador alertou ainda que a ordem de “fecho de portas” se estende a todo o Binance Group.

“A Binance Markets Limited não está atualmente autorizada a realizar quaisquer atividades regulamentadas, sem o consentimento prévio por escrito da FCA”, por isso, até que tal seja pedido, o Binance Group não tem autorização para operar no Reino Unido.

Depois deste alerta, vários bancos no Reino Unido, como o Barclays e o Natwest congelaram as transferências de dinheiro de e para a Binance.

A decisão do regulador britânico, surgiu pouco tempo depois de o seu homólogo japonês, Financial Services Agency, ter emitido um aviso semelhante. O órgão de supervisão do arquipélago chegou mesmo a ameaçar a exchange de avançar com uma ação judicial, caso esta não parasse de desenvolver atividades de gestão e transação de moedas digitais, sem licença.

Em abril, foi a vez da Alemanha avisar os seus investidores de que poderiam estar “a violar o Código de Valores Mobiliários”, já que a plataforma não tinha qualquer autorização de Berlim para desenvolver atividades cripto no país.

Na Tailândia, o regulador financeiro do país colocou uma ação em tribunal contra a exchange por esta operar sem licença do Estado.

A Binance conta com uma lista de mais de 100 ativos digitais, sendo desde 2018 a exchange mais cotada do mundo. Neste mesmo ano, só no Japão e em uma hora, 240 mil pessoas tentaram aderir à plataforma, o que levou a empresa a limitar o número de adesões, conforme noticiou na altura a Bloomberg.

 

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