Andrew Tate vai mesmo a julgamento no Reino Unido por abuso físico e controlo coercivo

Andrew Tate, figura polémica das redes sociais e autoproclamado “misógino”, enfrentará um julgamento civil no Reino Unido em 2027 por alegadas agressões físicas e sexuais cometidas contra quatro mulheres, num processo que os advogados das queixosas descrevem como “o primeiro do género” no país envolvendo alegações de controlo coercivo em sede civil.

O caso, cuja audiência preliminar decorreu esta terça-feira no Supremo Tribunal de Londres, reúne quatro mulheres que acusam Tate, de 38 anos, de ter exercido sobre elas violência física, sexual e manipulação emocional entre os anos de 2013 e 2015. Duas das mulheres alegam ter mantido relações íntimas com Tate, enquanto as outras duas trabalharam para o seu negócio de webcams, operado online.

Nos documentos judiciais, as queixosas — cujas identidades se mantêm protegidas por ordem do tribunal — relatam episódios de violência extrema. Uma das mulheres afirma que Tate a ameaçou com uma arma, dizendo-lhe: “Vais fazer o que eu digo ou vai ser um inferno”. Outra descreve ter sido estrangulada até perder os sentidos durante uma relação sexual.

A defesa de Tate nega categoricamente todas as acusações. Os seus advogados alegam que toda a actividade sexual foi consensual e que as queixas apresentadas são infundadas. Vanessa Marshall, representante legal de Tate, afirmou em tribunal que o seu cliente, que não compareceu à audiência, apresentará provas a seu favor durante o julgamento agendado para o início de 2027.

A advogada das requerentes, Anne Studd, sublinhou que este será “o primeiro processo em que o controlo coercivo será analisado pelo Supremo Tribunal num contexto civil”, com o objetivo de determinar se houve infligência intencional de danos, de acordo com a legislação inglesa.

Segundo a descrição incluída nos autos, o controlo coercivo é apresentado como “uma forma de aliciamento e manipulação em que a vítima se torna cada vez menos capaz de reagir de uma forma que possa ser entendida como normal”.

Este caso no Reino Unido surge num momento em que Andrew Tate e o seu irmão, Tristan Tate, continuam sob investigação na Roménia por alegado envolvimento numa rede criminosa, com acusações de tráfico de seres humanos, abuso sexual de menores e branqueamento de capitais. Ambos negam as acusações.

Em fevereiro, após a revogação da proibição de saída do país por parte das autoridades romenas, os irmãos viajaram para os Estados Unidos, tendo regressado à Roménia no mês passado para dar seguimento às obrigações legais.

Durante a permanência nos EUA, Tate foi alvo de uma nova acusação de agressão, desta vez apresentada pela sua ex-namorada Brianna Stern no Supremo Tribunal de Los Angeles. Segundo a queixa, datada do final de março, Stern afirma ter sido agredida por Tate num hotel em Beverly Hills, tendo sofrido uma concussão e múltiplos hematomas no rosto, pescoço e pulsos. O episódio terá marcado o fim de uma relação de dez meses, durante a qual a queixosa alega ter sido alvo de abusos físicos e verbais crescentes.