Alterações climáticas: mundo ultrapassa pela primeira vez a barreira de aquecimento de 2 graus Celsius

A Terra já ultrapassou, embora de forma breve, o limiar crucial de temperatura que pode ter impactos catastróficos e irreversíveis no planeta e nos seus ecossistemas, segundo denunciou este fim de semana um cientista climático.

De acordo com Samantha Burgess, vice-diretora do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, a temperatura média global da passada sexta-feira foi mais de 2 graus Celsius mais quente do que os níveis pré-industrialização. A barreira foi ultrapassada apenas temporariamente e não significa que a Terra esteja um estado permanente de aquecimento acima dos 2 graus, mas é um sintoma de um planeta a ficar cada vez mais quente e a avançar para uma situação a longo prazo em que o impacto da crise climática será mais difícil – ou mesmo impossível – reverter.

“A nossa melhor estimativa é que este foi o primeiro dia em que a temperatura global esteve mais de 2°C acima dos níveis de 1850-1900 (ou pré-industriais), de 2,06°C”, escreveu, na rede social ‘X’.

De acordo com a especialista, as temperaturas globais na passada sexta-feira foram, em média, 1,17 graus acima dos níveis de 1991-2020, o que tornou o dia de novembro mais quente alguma vez registado. Comparando com os tempos pré-industriais, a temperatura esteve 2,06 graus mais quente.

A quebra da barreira dos 2 graus ocorre duas semanas antes do início da conferência climática COP28 da ONU, que vai decorrer no Dubai, onde os países vão fazer um balanço no seu progresso rudo ao compromisso do Acordo Climático de Paris para limitar o aquecimento global a 2 graus acima dos níveis pré-industriais.

Um dia acima dos 2 graus de aquecimento “não significa que o Acordo de Paris tenha sido violado”, salientou Burgess à ‘CNN’, “mas destaca como estamos a aproximar-nos dos limites acordados internacionalmente. Podemos esperar um aumento na frequência de 1,5 graus e 2 graus-dia nos próximos meses e anos.”

Richard Allan, professor de ciências climáticas na Universidade de Reading, no Reino Unido, chamou a violação de “canário na mina de carvão”, o que “ressalta a urgência de combater as emissões de gases com efeito de estufa”. Era “totalmente esperado que um único dia ultrapassasse 2 graus acima do período pré-industrial, muito antes que a meta real de 2 graus Celsius fosse violada ao longo de muitos anos”.

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