
Ala de Costa no PS quer Mariana Vieira da Silva a suceder a Pedro Nuno Santos
A sucessão de Pedro Nuno Santos na liderança do Partido Socialista (PS) está oficialmente em aberto e, com ela, começa a desenhar-se o mapa interno de forças. Após a demissão de Pedro Nuno Santos no domingo eleitoral, devido ao terceiro pior resultado da história do partido em legislativas, a ala ligada ao ex-primeiro-ministro António Costa está agora a mobilizar-se em torno de Mariana Vieira da Silva, ex-ministra da Presidência, como potencial candidata à liderança socialista.
Fontes próximas da direção socialista confirmaram ao Correio da Manhã que a corrente ‘costista’ pretende lançar Mariana Vieira da Silva numa corrida direta contra José Luís Carneiro, atual secretário de Estado e ex-ministro da Administração Interna, que já assumiu publicamente a sua disponibilidade para liderar o PS.
A candidatura de Mariana Vieira da Silva, ainda não oficializada, representa uma tentativa de manter a influência do legado de António Costa dentro do aparelho partidário, num momento de forte turbulência interna. Vieira da Silva é uma das figuras mais próximas de Costa, tendo desempenhado um papel central nos seus governos, com responsabilidades na coordenação política e nas reformas do Estado.
A escolha do sucessor de Pedro Nuno Santos será feita nos próximos meses, mas o processo arranca formalmente no próximo sábado, com a realização da Comissão Nacional do PS. Segundo fonte oficial do partido, esta reunião tem como pontos principais a “análise da situação política face aos resultados eleitorais” e a “aprovação de calendários e regulamentos eleitorais”. Até lá, a liderança interina ficará a cargo do presidente do PS, Carlos César.
A saída de Pedro Nuno Santos, que liderou o PS durante apenas um ano e meio, foi motivada pelos fracos resultados nas eleições legislativas antecipadas de domingo, em que o partido obteve apenas 23,38% dos votos — cerca de 1.394.000 — e elegeu 58 deputados, menos 20 do que nas eleições anteriores. O Chega ficou muito próximo, reduzindo drasticamente a margem entre os dois partidos. Em relação às legislativas de 2024, o PS perdeu cerca de 365 mil votos.
No discurso em que reconheceu a derrota, Pedro Nuno Santos pediu a convocação da Comissão Nacional e anunciou que não se recandidataria ao cargo: “Assumo a responsabilidade por este resultado. É tempo de dar lugar a outros.” O partido vive agora um momento decisivo de reconfiguração interna.
José Luís Carneiro foi o primeiro dirigente socialista a assumir publicamente a intenção de disputar a liderança. Em declarações enviadas à agência Lusa, afirmou que o PS precisa de “uma reflexão profunda” e que é hora de “abrir um novo ciclo”. “Como sempre, estarei disponível para servir o meu partido e para servir Portugal”, declarou.
Outras figuras do PS estão ainda a ponderar uma eventual candidatura. Fernando Medina, ex-ministro das Finanças e antigo presidente da Câmara de Lisboa, tem sido mencionado como hipótese viável, mas afastou uma decisão imediata. Em declarações à Renascença, disse que “ainda não é o tempo” de tomar uma posição: “Temos que ter tempo de reflexão e respeito pelo secretário-geral em funções pela campanha dura e resultado muito doloroso.”
Alexandra Leitão, deputada e candidata à presidência da Câmara Municipal de Lisboa, também não descartou uma possível corrida à liderança. No programa O Princípio da Incerteza, da CNN Portugal, reconheceu a hipótese, mas sublinhou que está focada na candidatura autárquica: “Sou candidata à Câmara de Lisboa e é aí que me vou concentrar nos próximos meses.”
Outro nome recorrente é o de Daniel Adrião, conhecido por ter disputado quatro vezes a liderança socialista contra António Costa e Pedro Nuno Santos. Em declarações recentes, considerou que o partido “está, neste momento, em estado de exceção” e defendeu que o foco deve estar nas autárquicas antes de se avançar com a escolha de um novo líder.