Agência europeia de aviação prepara-se para autorizar regresso do Boeing 737 MAX
O regulador europeu manifestou hoje intenção de aprovar o regresso em breve da aeronave Boeing 737 MAX aos céus da União Europeia (UE), abrindo caminho para uma autorização formal de voo já em janeiro de 2021, após uma proibição de quase dois anos causada por acidentes fatais, um na Indonésia e outro na Etiópia, segundo a ‘Reuters’.
A Agência para a Segurança da Aviação da União Europeia (EASA, na sigla em inglês) delineou as etapas necessárias para colocar os aviões parados de volta ao ativo, incluindo a atualização do software implicado nos acidentes que mataram um total de 346 pessoas entre 2018 e 2019.
Para além disso o organismo também abriu um período de 28 dias de consulta pública, para comentários adicionais, que segundo a EASA, irão conduzir a um cancelamento formal da proibição de voar a partir de meados de janeiro, assim que o feedback do público e da indústria tenha sido digerido.
O tempo que poderá demorar para os que os voos sejam retomados na Europa depende da especialização dos pilotos e do tempo que as companhias aéreas necessitam para atualizar o software e realizar outras ações exigidas pela EASA.
Os pilotos do 737 deverão passar por um processo de treino que incluirá sessões num simulador de voo e que poderá demorar vários meses. Ainda assim, a Southwest Airlines e a United Airlines não esperam realizar voos comerciais do avião até ao próximo ano.
O possível regresso do avião acontece numa altura e que indústria luta contra um período conturbado devido à pandemia da Covid-19, que afetou negativamente as finanças das companhias aéreas em todo o mundo, prejudicando a procura por novos aviões e contribuindo para o aumento dos cancelamentos e adiamentos.
«O Max não está a regressar numa altura em que está tudo bem», disse na semana passada Phil Seymour, presidente do IBA Group, uma empresa de consultoria de aviação, sediada em Londres. Foi um ano duro para a Boeing, que primeiros 10 meses de 2020 perdeu 393 encomendas de aeronaves, muito por culpa da crise de saúde pública.
Em comparação, principal rival, a Airbus, obteve 308 novos pedidos líquidos de aeronaves no mesmo período. A Boeing perdeu 3,45 mil milhões de dólares este ano até ao final de setembro e os analistas não esperam que a empresa consiga obter um fluxo financeiro positivo até ao final de 2021.
Contudo, os executivos da Boeing estão ansiosos para «virar a página» após a crise prolongada, tal como muitos. O preço das ações da Boeing subiu mais de 40%, alimentado pelo otimismo em torno do regresso dos jatos e pelas notícias positivas de dois testes de vacinas. Ainda assim, as ações continuam abaixo de 37%.