
Aeroportos de Lisboa e Porto viram passar mais de 175 milhões de euros em cocaína: funcionários de handling responsáveis pela maioria do tráfico
Desde 2020 entraram nos aeroportos de Lisboa e Porto o equivalente a 175 milhões de euros em cocaína, mais de 7 toneladas, revela esta segunda-feira o ‘Jornal de Notícias’.
Rui Sousa, coordenador da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefaciente (UNCTE) da PJ, apontou responsabilidades aos funcionários do handling, que apesar da apertada vigilância, podem movimentar-se, pelas entradas e saídas dos aeroportos, sem os entraves impostos aos passageiros.
“Estes funcionários estão credenciados para poder e entrar com viaturas através de portas de serviços dos aeroportos. Só em Lisboa, existem três ou quatro entradas que servem, por exemplo, para evacuar lixo. Os aeroportos são autênticas cidades e têm de funcionar”, referiu o especialista, que entre 2020 e o ano passado deteve 34 funcionários de handling. “Quando estamos a falar deste tipo de infraestruturas críticas e de alta segurança, já era preocupante se tivéssemos apanhado apenas um funcionário. Serem 34 aumenta a nossa preocupação.”
As mais de sete toneladas de cocaína passaram pelas mãos destas pessoas, que podem lucra até seis mil euros por cada quilo que consigam retirar dos aeroportos. O esquema, indicou a publicação diária, é aparentemente simples: a organização criminosa tem contactos no Brasil, o país de onde chega mais cocaína por via aérea. Nos aeroportos, os funcionários de handling recebem instruções sobre o voo e a mal onde possa vir a droga – depois de localizada a encomenda, é retirada do porão com cuidado, para não serem detetados. Depois a droga é levada para o exterior, para ser entregue, contra dinheiro, ao traficante.
“Cada mala pode transportar entre 20 e 40 quilos, mas já tivemos situações em que estes funcionários rececionavam cargas dissimuladas em caixas de mercadoria. Em 2021, no Porto, ocorreu uma apreensão deste género de 280 quilos”, lembrou Rui Sousa.