AEP alerta que modelos tradicionais de gestão “já não respondem” aos desafios

O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Luís Miguel Ribeiro, alertou hoje na QSP Summit, em Matosinhos, que “os modelos tradicionais de gestão e desenvolvimento já não respondem, por si só, à complexidade dos desafios” da atualidade.

“Vivemos tempos em que os modelos tradicionais de gestão e desenvolvimento já não respondem, por si só, à complexidade dos desafios que enfrentamos”, disse hoje Luís Miguel Ribeiro na sessão de abertura da QSP Summit na Exponor, em Matosinhos (distrito do Porto).

Para o responsável associativo, “a transformação tecnológica, a sustentabilidade, a geopolítica, a escassez de talento, a inteligência artificial e as novas exigências dos consumidores são apenas alguns dos motores estratégicos que obrigam as empresas, as instituições e os países a repensar as suas prioridades, as suas formas de competir e sobretudo as suas formas de criar valor”.

“Portugal não está à margem desta realidade, e ainda bem, porque é precisamente neste contexto que temos oportunidade de afirmar a nossa capacidade de adaptação, o nosso talento e a nossa visão estratégica”, completou Luís Miguel Ribeiro.

O líder da AEP disse acreditar que o sucesso coletivo do país dependerá da capacidade de “compreender estes novos ‘drivers’ [motores], de os integrar nas nossas empresas e de os transformar em oportunidades concretas de crescimento e competitividade”.

“Perante um contexto internacional e geopolítico vincado pela elevada volatilidade e riscos acrescidos, os líderes têm de estar preparados para decidir com visão, as organizações têm de ser ágeis e abertas à inovação, e o ecossistema empresarial deve valorizar a colaboração e a partilha do conhecimento”, vincou.

Para Luís Miguel Ribeiro, “é isso que o QSP Summit representa”, pedindo ainda para “nunca esquecer que as pessoas são o principal ativo de qualquer organização”.

Também o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Pedro Machado, participou na abertura, e salientou vários desafios para enfrentar o “mundo novo”: a pressão sobre os recursos, a demografia ou o combate à burocracia.

“Sim, precisamos de simplificar, precisamos de agilidade, precisamos de aumentar a capacidade que os nossos recursos, hoje, concentram cada vez mais num esforço de criação e crescimento, e cada vez menos de suspensão e de atrasos”, frisou.

Para Pedro Machado, a burocracia “é hoje um entrave também aos ‘drivers’ [motores] do crescimento e da gestão”, pretendendo “libertar o que a sociedade tem de melhor para o seu crescimento”.

Já a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro (PS), salientou que se vivem atualmente “tempos de mudança acelerada, onde as organizações enfrentam desafios sem precedentes”.

“Vivemos tempos extraordinários, e estes tempos extraordinários exigem também lideranças fora do comum”, lembrando Luísa Salgueiro que um estudo recente que será apresentado na QSP Summit mostra que “quase 90% dos profissionais inquiridos acreditam que os desafios atuais exigem novos perfis de liderança” e “59% considera que as lideranças atuais ainda não estão preparadas” para os novos desafios.

Para Luísa Salgueiro, há “um desfasamento entre o que o mundo exige e o que as lideranças estão neste momento, ainda, a oferecer”, considerando que “liderar hoje não é comandar”, mas sim “escutar, unir, mobilizar”, e “o bom líder não é aquele que segue a maioria, mas o que tem coragem de defender o que acredita mesmo quando está sozinho”.

A QSP Summit arrancou oficialmente na terça-feira no Porto e prossegue até quinta-feira na Exponor, em Matosinhos, tendo este ano como lema “The New Strategic Drivers” (Os Novos Motores Estratégicos), propondo “reflexão sobre os motores estratégicos que estão a transformar as organizações – da cultura à tecnologia, passando pela estratégia, pessoas, comunicação, educação, performance e até ética”.