Ações portuguesas atingem máximo de 14 anos impulsionadas por capital estrangeiro

O principal índice bolsista português, o PSI, atingiu esta sexta-feira o nível mais alto desde 2011, marcando o fim de um ciclo de recuperação que se arrastava desde a falência do Banco Espírito Santo (BES), em 2014. A subida de 0,5% no índice levou-o aos 7.790,56 pontos, impulsionado sobretudo por capital estrangeiro e pelo bom desempenho das ações do setor bancário.

O Banco Comercial Português (BCP) tem liderado a recuperação este ano, beneficiando de uma conjuntura positiva para o setor financeiro europeu, com 2025 a perfilar-se como o melhor ano desde 2009 para as ações dos bancos. Simultaneamente, a recuperação económica de Portugal, a redução do risco de crédito e o reforço da presença internacional de várias empresas nacionais têm contribuído para atrair novos investidores.

“Os estrangeiros são os principais novos investidores em ações portuguesas”, afirmou Pedro Lino, CEO da Optimize Investment Partners, uma gestora de ativos com sede em Lisboa e cerca de 460 milhões de euros sob gestão, à ‘Bloomberg’. “O país tornou-se mais atraente para investidores institucionais e de retalho”, acrescentou.

Entre os principais investidores encontram-se o fundo de pensões do Canadá e o fundo soberano da Noruega, segundo documentos públicos. Os maiores acionistas de empresas cotadas como o BCP, a EDP e a REN continuam a ser entidades chinesas, enquanto investidores espanhóis lideraram as aquisições no setor bancário.

Outro fator que tem dinamizado o mercado é o novo regime dos vistos gold, reformulado pelo Governo, que permite a obtenção de residência em Portugal a cidadãos estrangeiros que invistam pelo menos 500 mil euros em fundos com 60% de ativos portugueses. Pedro Lino estima que estes investimentos representem atualmente cerca de 2% do free float da bolsa de Lisboa.

Embora o mercado tenha vindo a recuperar, o impacto emocional do colapso do BES ainda se faz sentir entre os investidores nacionais. “Infelizmente, os portugueses ainda estão muito distantes porque ainda estão traumatizados pelo BES e outras falências que ocorreram durante e depois da crise financeira”, sublinha Pedro Lino.